AERO Magazine
Busca

Complicada missão

Mesmo após 1.000 tiros caças do Canadá não destruíram balão

Há quase 25 anos caças CF-18 do Canadá dispararam mais de 1.000 tiros contra um enorme balão de pesquisa e ainda assim não destruíram o alvo


Apesar de estaremcom mísseis ar-ar, foi tomada a decisão de usar o canhão - RCAF
Apesar de estaremcom mísseis ar-ar, foi tomada a decisão de usar o canhão - RCAF

Há quase 25 anos os canadenses tentaram abater um balão de pesquisas quando seus caças CF-18 Hornet dispararam mais de mil tiros e não conseguiram acertar o alvo.

O balão criado para pesquisar a quantidade de ozônio no Canadá tinha o tamanho de um prédio de 25 andares. Após sobrevoar o Canadá, em meados de agosto de 1998 a equipe detectou alguns problemas e foi tomada a decisão de abate-lo. Porém, mesmo com suas grandes dimensões os caças encontraram dificuldade em acertar o alvo.

Na época, o porta-voz militar Steve Wills disse à BBC que "o fato do objeto estar parado e os caças voando muito, muito rápido, [tornou] difícil atirar". Os Hornet canadenses estavam com mísseis, mas optaram por usar o canhão, pois havia o temor de destruir os equipamentos de pesquisa a bordo e invalidar a cara pesquisa já concluída.

O enorme balão foi criado em uma parceria formada pela Agência Espacial Canadense, o Environment Canada e a Universidade de Denver, nos Estados Unidos, para pesquisar a quantidade de ozônio em parte do território do Canadá e foi lançado, a partir da província de Saskatchewan, em agosto de 1998.

Logo após iniciar seu voo os pesquisadores perceberam que a válvula que permitiria ao balão liberar gás naturalmente e esvaziar com o tempo, dentro do prazo da missão de pesquisa, acabou coberta por um pedaço de plástico. Assim, ao invés de fazer um voo restrito o enorme balão passou a avançar em direção ao Atlântico Norte, cruzando uma região de intenso tráfego aéreo.

Dois caças CF-18 da Real Força Aérea Canadense (RCAF, na sigla em inglês) avistaram o balão e optaram por utilizar apenas o canhão de 20 mm M61A1 Vulcan, sem envolver o uso de mísseis. Mesmo disparando mais de 1.000 tiros o balão não foi destruído, causando apenas um vazamento de gás hélio, que fez o balão descer lentamente.

"Não foi o suficiente para soltar o mecanismo de liberação. Eles provavelmente atingiram o balão também. Mas aqueles pequenos buracos de bala e um balão desse tamanho quase não teriam efeito", disse Dale Sommerfeldt, que trabalhava na empresa que projetou o balão, em entrevista a Associated Press.

Os pilotos que voavam no limite do teto operacional do CF-18 Hornet, por volta de 60.000 pés tiveram que atirar em um balão voando muito acima deles. Os danos causados pelas balas do canhão de 22 mm foram quase insignificantes para a rápida perda de gás do balão. Assim, ele continuou sua viagem, atravessando o espaço aéreo do Reino Unido, retornar e ingressar na Islândia, para depois avançar em direção ao território Russo, até voltar para a Noruega e finalmente "pousar" na Ilha Mariehamn, na Finlândia.

Ao longo de nove dias o balão foi perseguido por caças dos Estados Unidos e do Reino Unido, que não conseguiram impedir sua longa viagem através do Ártico.

* Colaborou Edmundo Ubiratan

  • Receba as notícias de AERO diretamente das nossas redes sociais clicando aqui

Banner

Por André Magalhães
Publicado em 07/02/2023, às 16h00


Mais Notícias