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Brasil lidera potencial de produção de combustível sustentável na aviação

Estudo do MIT, financiado por Latam e Airbus, aponta o Brasil como peça-chave para descarbonizar o setor aéreo na América Latina até 2050


Combustível renovável é essencial para descarbonizar a aviação até 2050 - Guilherme Amancio
Combustível renovável é essencial para descarbonizar a aviação até 2050 - Guilherme Amancio

O Brasil é o país com maior capacidade de produção de combustível sustentável de aviação (SAF) na América Latina, tanto em volume quanto em eficiência de custo. A conclusão faz parte de um estudo inédito conduzido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), financiado pelo Grupo Latam e pela Airbus, que avaliou caminhos sustentáveis de descarbonização da aviação regional até 2050.

Intitulado “Opções para descarbonizar a aviação na América Latina de forma sustentável: uma avaliação das políticas de carbono, preços de carbono e consumo de combustível na aviação até 2050”, o relatório analisa os cenários de seis países: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. O destaque brasileiro é atribuído à experiência consolidada no setor de biocombustíveis e à ampla oferta de matérias-primas agrícolas.

O levantamento considera aspectos socioeconômicos, ambientais e regulatórios de seis países da região: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. A análise aponta que o Brasil se destaca devido à sua experiência no setor de biocombustíveis e à ampla disponibilidade de matérias-primas agrícolas.

Segundo o MIT, o SAF é a principal ferramenta para reduzir as emissões de carbono do setor aéreo, embora seu custo seja superior ao do querosene de aviação convencional, que já representa cerca de 40% das despesas operacionais das companhias aéreas latino-americanas. O instituto ressalta que, sem apoio governamental e políticas públicas adequadas, os custos elevados do SAF podem impactar a demanda por voos e afetar a conectividade regional.

O estudo também destaca que a unificação das estratégias de descarbonização entre os países pode gerar benefícios como competitividade, economia de escala e menor impacto na demanda de passageiros. A cooperação regional permitiria que países com menor capacidade de produção tivessem acesso a SAF a preços mais competitivos, enquanto nações como o Brasil se beneficiariam com oportunidades de exportação.

Uma das alternativas para viabilizar essa integração é o uso da metodologia de cadeia de custódia Book and Claim, que separa fisicamente o combustível de seus atributos de sustentabilidade, possibilitando a comercialização sem necessidade de transporte físico entre os países.

“A aviação na América Latina desempenha um papel crucial na conectividade e no desenvolvimento econômico da região. No entanto, para avançar em direção a zero emissões, precisamos adotar soluções como os combustíveis sustentáveis de aviação. O Brasil tem o maior potencial para a produção de SAF, tanto em termos de volume quanto de eficiência de custo de produção. Porém, se não traçarmos um caminho adequado, corremos o risco de elevar os custos e comprometer o desenvolvimento da nossa conectividade regional. A integração regional, neste contexto, se apresenta como uma alternativa chave para reduzir os sobrecustos e assegurar a transição para uma aviação mais sustentável”, afirmou Maria Elisa Curcio, diretora de Assuntos Corporativos, Regulatórios e Sustentabilidade da Latam Brasil.

“Este estudo confirma o potencial da América Latina para a produção de SAF e a lógica de alinhar as abordagens de descarbonização entre países para garantir a competitividade e economia de escala. Na Airbus, estamos convencidos de que a colaboração conjunta é essencial para nos aproximarmos das metas de redução de emissões e para impulsionar uma indústria SAF que beneficie a todos”, declarou Guillaume Gressin, vice-presidente de Internacional, Estratégia e Operações Comerciais da Airbus América Latina e Caribe.

Por Gabriel Benevides
Publicado em 07/05/2025, às 14h36


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