País deverá utilizar financiamento de US$ 3 bilhões oferecido pelo Catar para adquirir o moderno caça J-10
Irã poderá adquirir o J-10 considerado um dos caças mais modernos produzidos pela China
O Irã pode negociar um contrato bilionário para a compra dos caças chineses Chengdu J-10, com financiamento realizado pelo Catar, com valor estimado em US$ 3 bilhões. Um dos desafios de Teerã é obter financiamento internacional, visto que o país enfrenta um poderoso embargo internacional, inclusive de países vizinhos.
O J-10 é um caça multifunção de geração 4.5 (4++), capaz de realizar uma série de missões como interceptação, interdição aérea, ataque ao solo, entre outros. O modelo é conhecido na China como Aniquilador, em alusão a suas capacidades de superioridade aérea. O J-10 foi desenvolvido no final da década de 1990, tendo entrado em serviço em 2005. Atualmente é um dos mais modernos caças em serviço na Ásia, tendo sido encomendado pela China e Paquistão.
O auxílio para financiamento dos caças foi oferecido pelo Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, do Catar, durante encontro com o presidente iraniano Hassan Rouhani, que ocorreu em Teerã. Todavia, oficialmente o governo afirmou que parte do fundo serviria para indenizar às famílias das vítimas do Boeing 737 da Ukraine abatido logo após a decolagem. Entretanto, de acordo com o jornal chinês Sina News, o Irã planeja investir US$ 1,5 bilhão na compra de 36 jatos J-10, além de um investimento adicional em treinamento, contratos de manutenção e suporte. O que pode demonstrar que o dinheiro será empregado na compra de novos caças.
“Embora o Irã pareça estar interessado em jatos russos Su-30 comprovados em combate, o Irã pode escolher a alternativa chinesa à luz das recentes críticas contra aeronaves militares russas, principalmente por falta de peças de reposição”, afirmou texto da reportagem da agência Sina.
Um eventual acordo entre Teerã e Pequim pode escalar as tensões no Oriente Médio e ainda impactar os planos de Moscou, que previa formalizar em breve um importante acordo para venda de caças para o Irã. Inclusive a imprensa russa afirmou que o Irã estaria próximo de assinar um contrato para compra de um lote de Sukhoi Su-30. Ainda que um lote adicional de aeronaves de combate russas seja possível, o Irã dependeria de obter um novo empréstimo ou de negociar uma forma de financiamento baseado em exportação de petróleo. Analistas apontam que um acordo em petróleo é pouco provável de ocorrer com a Rússia, que é um dos líderes mundiais em exploração de combustíveis fósseis.
Força aérea iraniana opera com caças montados a partir do antiquado F-5, como o Saeqeh
A força aérea do Irã opera uma complexa frota de caças de várias origens e idades, como os obsoletos caças norte-americano F-14 Tomcat, F-5 e F-4, que sofrem com a falta de peças. Além dos MiG-29, Su-25, Su-24 e Su-22 de origem russa e Chengdu J-7, este último uma versão chinesa do russo MiG-21. O Irã ainda possui alguns caças francêses Mirage F1 e modelos produzidos localmente, como os caças HESA Saeqeh, Azarakhsh e Kowsar (os três montados a partir do F-5 norte-americano).
Um reaparelhamento da força aérea é considerado urgente pelas autoridades iranianas, que temem uma invasão de uma coalisão liderada pelos Estados Unidos, em parceria com tradicionais inimigos locais, como a Arábia Sautita, Emirados Árabes e Israel.
Por Gabriel Benevides
Publicado em 22/01/2020, às 17h00 - Atualizado às 22h29
+lidas