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Politização no ar

Iata é contra proibição do uso do espaço aéreo da Bielorrússia

Entidade afirmou que a segurança da aviação não pode ser politizada


Airbus A350 da Air France em voo

Politização da segurança aérea é visto como um risco por especialistas em transporte aéreo

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) fez um apelo à Agência Europeia para a Segurança da Aviação (Easa) para que as questões envolvendo a segurança da aviação e a política sejam separadas.

Na quinta-feira (2), a Easa substituiu a recomendação para que as companhias aéreas da Europa evitem sobrevoar o espaço aéreo do país, em vigor desde último dia 26, por uma proibição total.

A associação criticou a recente decisão europeia de proibir o sobrevoo do espaço aéreo da Bielorrússia. O caso ganhou grande repercussão após o governo local interceptar um voo da irlandesa Ryanair para prender um ativista político. O Boeing 737-800 seguia da Grécia para a Lituânia quando foi forçado a pousar em Minsk (MSQ), capital da Bielorrússia, por uma suposta ameaça de bomba a bordo. Contudo, o resultando final foi apenas a prisão de um jornalista opositor ao governo local.

“A segurança da aviação nunca deve ser politizada. A Iata condenou as ações do governo da Bielorrússia e pediu uma investigação independente. Proibir aeronaves europeias de usar o espaço aéreo bielorrusso com uma Diretiva de Segurança também é uma politização da segurança da aviação” disse Willie Walsh, diretor geral da Iata.

Posteriormente, a Rússia, principal aliada de Minsk, vetou voos de pelo menos três companhias aéreas europeias depois que os voos desviaram do espaço aéreo bielorrusso durante a viagem para Moscou.

Inicialmente, Moscou cogitou demostrar que era uma retaliação explícita em relação as ações da Easa, mas o Kremlin afirmou que se tratava apenas de questões técnicas, já que as rotas alternativas deveriam ter sido informadas às autoridades russas previamente. A falta de informações levou o controle aéreo russo não ser capaz de liberar a tempo o novo plano de voo.

A atitude da Easa é visto como uma provocação as políticas de Moscou e Minks, criando uma nova pressão diplomática, sem relações diretas com a aviação comercial.

“Este é um desenvolvimento retrógrado e decepcionante. A Easa deve rescindir sua proibição e permitir que as companhias aéreas gerenciem a segurança como o fazem diariamente, com suas avaliações normais de risco operacional”, completou Walsh.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 04/06/2021, às 12h00 - Atualizado às 18h22


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