Veículos utilizados nas missões Apollo contavam com rodas e pneus especiais
A histórica missão Apollo 11 iniciou uma nova era na exploração espacial e na história humana. Excluindo a Apollo 13, eternizada pelo drama do retorno da tripulação após uma falha catastrófica, todas as demais missões foram ofuscadas pelo “a small step for a man a giant leap for mankind” (um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade).
Um dos momentos mais importantes para a exploração espacial tripulada ocorreu em 31 de janeiro de 1971, com a Apollo 14, a terceira missão a chegar à Lua, quando a NASA desenvolveu um pequeno carrinho para transportar equipamentos na superfície lunar.
Batizado de MET (Modular Equipment Transporter), a plataforma era basicamente um carrinho de mão, montado sobre dois pneus. O projeto foi concebido após a dificuldade encontrada pelos astronautas, Pete Conrad e Alan Bean, em transportar parte do equipamento de pesquisa da Apollo 12.
O MET era basicamente uma bancada cientifica portátil, transportando câmeras de foto e vídeo, magnetômetro portátil, embalagens para recolhimento de amostras de rochas, ferramentas gerais, entre outros.
O pequeno carrinho foi projetado para ser transportado no módulo lunar, sem exigir um reprojeto da nave. A solução foi uma estrutura dobrável, que seria montada facilmente fora do veículo espacial. Mas, uma das soluções mais curiosas foram os pneus, desenvolvidos pela Goodyear. Designados como XLT, esses pneus tinham 40,64 centímetros de altura e 10,16 centímetros de largura, mas pesavam, considerando o pneu e a câmara de ar, pouco menos de 1,3 kg. Eles foram desenvolvidos para transportar cargas de 60 libras (27 kg) lunares, o que equivale a 360 libras (165 kg) na Terra. Com essa carga, os pneus de baixa pressão imprimiam uma pegada mais larga e mais plana que os ajudava a fluir suavemente sobre a superfície lunar, além de passar por pedras sem risco de perfuração. Por uma série de questões técnicas, como risco de incêndio, os XLT foram inflados com nitrogênio.
Seu enchimento foi um dos pontos altos do projeto. Para que estivessem na condição ideal para circularem na lua, os pneus foram inflados na Terra em uma câmara de vácuo. Ao serem removidos, as câmaras de ar no interior dos pneus sucumbiam à pressão atmosférica terráquea, mas por conta da diferença na pressão atmosférica, eles retornavam seu estado normal na Lua.
Para suportar um ambiente tão hostil quanto o da lua, os pneus lunares tinham que aguentar temperaturas que variavam entre -29,4 graus e mais de 121 graus Celsius.
A intenção era utilizar o MET nas missões Apollo 14 e 15, mas os cientistas da NASA optaram por enviar já na Apollo 15 o icônico LRV (Lunar Roving Vehicle), um pequeno automóvel que participou das três ultimas missões. Além de oferecer maior capacidade de transporte, permitia aos astronautas percorrerem grandes distancias.
O LRV possui 3,1 m de comprimento, 2,3 m de largura e contava com pneus especiais. As rodas construídas numa liga metálica especial. Basicamente, eram uma estrutura metálica de 81 cm de diâmetro e 23 cm de largura. A parte central era feita de alumínio, enquanto a banda de rodagem de uma malha de zinco revestida com tecido especial, e um chevron de titânio recobria quase 50% da área de contato, para permitir tração em solo lunar. Cada roda tinha seu próprio motor elétrico de corrente contínua (DC), capaz de gerar 190 W, cada, a 10.000 rpm.
Os veículos utilizados nas quatro missões Apollo ainda estão em perfeitas condições em solo lunar, inclusive os pneus com câmara. Embora os projetos não tenham passado de pequenos ensaios, a tecnologia desenvolvida nas missões Apollo permitiu a criação dos sofisticados rovers que desde meados da década de 1990 exploram a superfície de Marte.
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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 31/01/2017, às 16h00 - Atualizado em 01/02/2017, às 11h01
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