Parlamentares discutiram escolha dos Gripen NG
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Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito, e o presidente da comissão responsável pelo Projeto F-X2 (COPAC), brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, participaram de audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), com o objetivo de discutir a recente decisão do governo de comprar 36 Gripen NG. Na audiência, como reconheceu o brigadeiro, todas as propostas tinham suas vantagens. Entre os principais motivos que levaram à escolha do Gripen, Saito ressaltou o desenvolvimento da indústria nacional. “O Gripen NG foi negociado com o compromisso de transferência de tecnologia necessária para a capacitação do parque industrial aeroespacial brasileiro. Todas as aeronaves que faziam parte do Projeto F-X2 atendiam às necessidades da FAB, mas o caráter de protótipo do Gripen NG possibilita o envolvimento do Brasil no desenvolvimento do projeto, o que dará à indústria nacional e à FAB um acesso sem precedentes a todos os níveis de tecnologia”, explicou.
Com um montante avaliado em US$ 4,5 bilhões, a serem pagos até 2023, quando acontece a entrega da última aeronave, o processo contou com uma avaliação detalhada sobre as aeronaves, empresas e benefícios para a sociedade. “Nossos critérios foram concentrados na performance, no preço e na transferência de tecnologia. A escolha do Gripen NG levou quase 20 anos para ser concluída e deu origem a um relatório de 30 mil páginas de estudos detalhados, apurado por uma equipe altamente qualificada”, destacou o brigadeiro Crepaldi. As negociações do contrato com a SAAB, que determina valores, prazos, obrigações da empresa e demais detalhes do negócio, seguem durante todo o ano de 2014 e deve ser assinado na segunda quinzena de dezembro. Com previsão de 80% da produção da aeronave no Brasil e acesso total ao sistema. O processo de escolha levou em consideração aspectos como técnico operacional, logístico, indústria e força comercial. “Não há defesa eficiente sem a participação da indústria nacional. Com o Gripen NG, o Brasil dará o primeiro passo para o desenvolvimento de um caça de 5ª geração, além de permitir o domínio de novas tecnologias e, posteriormente, exportar tecnologia”, destacou Crepaldi.
A montagem dos Gripen NG, segundo estimativas, levará à criação de 2.000 a 3.000 empregos diretos no país, além de 22 mil empregos indiretos. Os números foram apresentados pelo comandante Saito. Em resposta ao senador Eduardo Suplicy, Saito informou, baseado em dados fornecidos pela indústria aeronáutica nacional, que esses postos de trabalho serão distribuídos entre a Embraer, a futura linha de montagem dos aviões em São Bernardo do Campo (SP), e indústrias de componentes situadas em outras cidades do país, como Porto Alegre (RS).
O presidente da CRE, senador Ricardo de Rezende Ferraço, destacou especialmente a garantia contratual da propriedade intelectual. “O ponto mais positivo da escolha foi que a SAAB garantiu capacidade de atuar no software da aeronave, basicamente acesso ao código-fonte, elemento fundamental para o desenvolvimento da indústria nacional”, declarou. O presidente da comissão demonstrou preocupação com o período de quatro anos que antecede a chegada dos primeiros Gripen NG e alertou para a necessidade de se buscar uma solução provisória que ajude o país a manter sua soberania. Em resposta, o brigadeiro Saito lembrou que os caças A-1 e F-5 modernizados cumprirão essa função e ainda destacou uma parceria que existe com a Força Aérea Sueca para reforçar o poder operacional do Brasil. “Recebemos o compromisso do comandante da Força Aérea Sueca que o país nos emprestará aeronaves Gripen C/D a partir de 2016, para suprirmos a demanda de defesa aérea do país. Mas nossos A-1 e F-5 estão prontos e capacitados para continuar em atividade até depois de 2025”, ressaltou. Já o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) demonstrou preocupação com a formação de pilotos brasileiros para pilotar o novo avião e o comandante da Aeronáutica informou que a Força Aérea da Suécia já convidou dois pilotos brasileiros para começar o período de treinamento ainda neste ano.
Para a requerente da Audiência, a senadora Ana Amélia, a sessão só reforçou as características que a FAB manteve durante todo o processo de escolha. “Transparência, ética, profissionalismo e qualidade de um serviço bem prestado para com todos os brasileiros. E esse é um assunto em que há a necessidade de uma continuidade no investimento, especialmente porque não há como prever o ganho do Projeto F-X2 para a sociedade, seja no legado econômico, industrial, ou científico e tecnológico”, afirmou a senadora.
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Redação
Publicado em 28/02/2014, às 15h25 - Atualizado às 15h25
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