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Asas para o Exército

Exército poderá ter aviões nos próximos anos

Brasil negocia a compra de aeronaves usadas nos Estados Unidos


Recentemente, o Comando Logístico da Força Terrestre do Exército Brasileiro esteve nos Estados Unidos verificando a situação de um lote de Short C-23B Sherpa recentemente retirados de serviço pelo US Army National Guard.

Desde a década de 1990 o Exército Brasileiro tem estudado empregar aeronaves de asa fixa, especialmente de transporte. Atualmente o Comando de Aviação do Exército, localizado em Taubaté, SP, estuda a aquisição de uma aeronave de transporte para cargas e pessoal, com capacidade de voar nas imensidões amazônicas da região norte e que seja equipado com rampa traseira. O projeto é estruturado na Estratégia Nacional de Defesa, elaborada pelo Ministério da Defesa em meados da década passada.


C-23B possui capacidade de operar em pistas curtas e não preparadas. Pesa contra a idade e as poucas unidades produzidas.

Os C-23 Sherpa foram desenvolvidos pela irlandesa Short Brothers, de Belfast, a partir do Short 330 um turbo-hélice bimotor de asa alta, com capacidade de pouso e decolagem curtos (STOL) em pistas não preparadas e capacidade para até 30 passageiros. A versão militar, manteve as características básicas, mas ganhando uma rampa de acesso traseira e perdendo parte das janelas da fuselagem. O primeiro voo ocorreu em dezembro de 1982, logo recebendo uma encomenda de 18 aeronaves por parte do Military Airlift Command, o comando de transporte aéreo militar dos Estados Unidos. As aeronaves passaram a servir na base aérea de Zweibrücken, na Alemanha, realizando o transporte de pessoal e de carga entre as principais bases dos Estados Unidos e da Otan no continente europeu.

O C-23B Sherpa surgiu em 1988, quando a Guarda Nacional do Exército dos Estados Unidos especificou algumas melhorias na versão anterior. As principais mudanças incluiram uma fuselagem alongada, derivada do Short 360 e janelas laterais, motores Pratt & Whitney Canada PT6A­-65AR de 1.425 shp (1.063 kW) cada, trem de pouso reforçado, portas para lançamento de paraquedistas de abertura interna e uma rampa de carga com capacidade de operar em voo. Essa versão teve apenas 16 unidades produzidas, que operaram até 2014, quando foram oficialmente aposentadas, assim como os C-23B+ Super Sherpa. As aeronaves deverão ser substituídas pelos C-27J Spartan, com maior capacidade.


Exército e Guarda Nacional dos Estados Unidos substituíram os C-23B pelos C-27J Spartan

O processo de aquisição em andamento prevê a aquisição de um lote inicial de quatro que serão utilizadas inicialmente no processo de retomada da aviação de asa fixa pelo Exército, além de servir para avaliar a operação da aeronave e sua taxa de disponibilidade na região amazônica. A previsão é que caso cumpra os requisitos estabelecidos, um segundo lote, com outras sete aeronaves selecionadas pelos militares brasileiros, seja adquirido.

Caso o Brasil finalize a compra dos C-23B,  as aeronaves deverão passar por um processo de revisão e modernização na M7 Aerospace, subsidiária da israelense Elbit Systems, com sede em Santo Antonio, nos Estados Unidos. A empresa realiza serviços de manutenção, reparos, manufatura de aeroestruturas, e suporte logísticos, etc para diversos operadores militares. A M7 Aerospace foi escolhida como a responsável pelo processo de manutenção e modernização dos veteranos Grumman C-1A Trader adquiridos recentemente pela Marinha do Brasil.

No caso dos C-23B a empresa norte-americana é atualmente a única distribuidora de partes e componentes de aeronaves da família Shorts 330, da qual o Sherpa é derivado, e a única capaz de realizar qualquer serviço de modernização na frota existente.

A expectativa é que os C-23B possam voar no Brasil por apoximadamente duas décadas, permitindo o Exército retomar suas capacidades operacionais com baixo custo de aquisição e operação.


Brasil possui uma frota já limitada de Embraer C-95 Bandeirante ...

... enquanto o NC212 poderia ser uma opção para aeronave nova ... 

 ... Airbus C-295 pode ser uma opção a médio prazo para o Exército.

Todavia, críticos à aquisição apontam o pequeno número de aeronaves produzidas e existentes, o que tende a aumentar o custo de operação ao longo dos anos. Além disso, afirmam que a idade avançada das aeronaves, com média de 20 anos de uso, mesmo possuindo um número relativamente baixo de horas de voo, pode comprometer o planejamento de longo prazo. “Os aviões selecionados embora fossem da Guarda Aérea Nacional, o que significa que voaram pouco, nunca foram modernizados ou atualizados, o que representa maiores custos para o país” afirma o consultor militar Olavo Gomes. “No passado, o Brasil adquiriu os P-3 Orion e os A-4 KU Skyhawk com a mesma premissa, e o tempo mostrou que o barato saiu caro”.

Por outro lado, existem poucas opções na mesma classe de aeronaves novas, como o NC212, a versão atual do CASA C212, atualmente produzido em parceria entre a Airbus Military e a PT Dirgantara Indonesia, fabricados em Bandung, na Indonésia.

“Temos o Bandeirante, que não é produzido a mais de duas décadas, mas existem poucas células disponíveis para modernização e todas estão dedicadas a atender a Força Aérea” pontua o coronel da reserva Ari Ferro. “Outra opção são modelos produzidos por pequenos fabricantes do leste-europeu, que não melhoram em nada a expectativa a longo prazo. Ao contrário, podem nos trazer mais riscos”.

A aquisição dos C-23B ainda depende da oficialização e da destinação de orçamento. Mas, é vista como prioritária para a estratégia de defesa brasileira. Atualmente a Força Aérea opera próximo ao limite e sem condições de ampliar seu suporte ao Exército ou mesmo à Marinha.

Redação
Publicado em 14/12/2016, às 14h00 - Atualizado às 15h56


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