Impacto poderá gerar prejuízo de US$ 1 bilhão ao setor e afetar na rotina de 65 milhões de passageiros
O temor de ameaça terrorista, aliado a pressões políticas, poderá levar os Estados Unidos a proibir o transporte de notebooks e tablets a bordo de qualquer voo com origem na União Europeia.
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) acredita que a medida poderá gerar prejuízos ao setor de US$ 1 bilhão apenas no primeiro ano. Alguns destinos do Oriente Médio já sofrem a restrição, impedindo que passageiros transportem na bagagem de mão qualquer dispositivo eletrônico, com exceção do telefone celular. A Emirates Airline atribuiu parte da redução em 80% dos lucros do ano passado à proibição imposta a seus voos com destino aos Estados Unidos. Em certos casos a regra afetou os planos de milhares de passageiros em viajar para a América do Norte, afetando a rentabilidade dos voos e impactando no setor hoteleiro.
De acordo com expectativas, Washington deverá ampliar nos próximos meses sua proibição no uso de laptops e tablets em voo, forçando reuniões emergenciais entre Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e autoridades europeias. O possível banimento poderá afetar anualmente mais de 65 milhões de passageiros que voam entre ambos destinos, em mais de 400 voos diários. O maior temor é o impacto da medida nos voos a trabalho, já que a maior parte dos viajantes entre a Europa e Estados Unidos são de executivos, que dependem de seus dispositivos eletrônicos para trabalhar, muitos carregando inclusive informações altamente sigilosas.
Além disso, o transporte de equipamentos eletrônicos com as complexas e sensíveis baterias de íons de lítio podem ampliar ainda mais os prejuízos das empresas aéreas. O transporte desse tipo e bateria tem sido um desafio ao setor aéreo. O risco de superaquecimento e consequente incêndio exige o acondicionamento de tais eletrônicos em containers especiais, que, além de mais caros e pesados, são limitados em número total disponíveis. Outro grave entrave ao setor é a disponibilidade de passageiros aceitarem despachar seus computadores ou tablets, com risco de danos durante o transporte no porão e especialmente do roubo de informações confidenciais.
As autoridades europeias não acreditam em uma revisão das restrições por parte dos Estados Unidos, acreditando agora que é uma questão de tempo até que as regras sejam implementadas. As empresas aéreas esperam ter participação nas negociações, visando estudar medidas de como colocar tais medidas em prática com o menor contratempo aos passageiros e ao setor. Uma das opções é ampliar as vistorias de tais dispositivos durante o processo de entrada nas áreas restritas, passando a exigir um controle muito mais intenso nos pontos de verificação de bagagem. Uma opção é além da vistoria por raio-x, um exame manual de todos dispositivos eletrônicos portáteis.
Um dos temores do setor é que ao ampliar em vários minutos o tempo perdido nas filas de inspeção, o processo de embarque será ainda mais lento. Caso as regras passem a valer também em voos domésticos, o acréscimo do tempo poderá exigir uma apresentação para o voo ainda mais antecipada, inviabilizando diversas rotas, já que o tempo entre translado para o aeroporto, check-in, inspeção, embarque e voo, poderá ser maior que o exigido em uma viagem terrestre.
Por Ernesto Klotzel
Publicado em 21/08/2018, às 12h00 - Atualizado às 14h49
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