Autoridades dos EUA vão realizar testes com voluntários para garantir que modelo atual atenda as regulamentações
Espaço entre poltronas pode causar problemas de segurança durante uma avacuação de emergência
As autoridades de aviação dos Estados Unidos deverão realizar um teste para verificar a segurança das configurações a bordo em caso de evacuação. Os legisladores norte-americanos temem que as atuais disposições de assentos, com pouco espaço entre eles, possam comprometer a segurança em caso de emergência.
A FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos, planeja iniciar em novembro uma série de 12 ensaios, com 720 voluntários, para verificar se na configuração atual é possível todos a bordo evacuarem o avião no prazo máximo de 90 segundos.
O teste será conduzido em parceria com o Civil Aerospace Medical Institute, em um simulador de cabine capaz de receber diversas configurações. O objetivo será obter uma amostra do tempo necessário para que passageiros de diversas estaturas, pesos e deficiências físicas possam deixar seus assentos, mesmo com pouco espaço entre fileiras, chegar ao corredor e se dirigir as saídas de emergência.
Segundo o deputado republicano Pau Mitchell, as empresas aéreas estão configurando os aviões com padrões cada vez mais densos, atingindo o limite mínimo de espaço entre assentos. “Não tenho certeza de que os modelos que estão sendo usados realmente refletem os viajantes aéreos atuais. Certamente não dos Estados Unidos ou da América do Norte”, comentou Mitchell.
Através do Reauthorization Act of 2018, o FAA regulamenta o tamanho dos assentos e a distância mínima entre fileiras, baseado no tamanho médio de uma pessoa adulta nos Estados Unidos. As companhias aéreas de baixo custo têm optado pelo menor espaço autorizado, de 28 polegadas (71 cm) entre a parte traseira do encosto de uma poltrona e o a parte dianteira de um encosto da fileira de trás. Segundo a associação dos direitos dos passageiros dos Estados Unidos, a Flyers Rights, a distância média passou de 35 para 31 polegadas, em uma década.
A redução do espaço vai no sentido oposto do tamanho médio dos adultos nos Estados Unidos, de acordo com o Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a taxa de obesidade no país aumentou de 30,5% em 1999-2000 para 39,6% em 2015-16.
A FAA espera que o estudo possa demonstrar se as aeronaves continuam atendendo aos requisitos de segurança diante das mudanças físicas da população.
“Precisamos estudar a evacuação e garantir que tenhamos todas as suposições corretas para garantir que nesses casos as pessoas possam sair dos aviões em emergências”, afirmou Daniel Elwell, vice-administrador da FAA, em audiência no Congresso.
A certificação de uma aeronave comercial, com mais de 44 passageiros, prevê que o projeto, incluindo a configuração utilizada, possibilite todos a bordo deixarem o avião em um prazo máximo de 90 segundos. Todavia, os modelos utilizados nos ensaios durante a certificação não necessariamente refletem a média da população global. As autoridades querem garantir que a amostra dos voluntários é proporcional ao biótipo médio dos usuários do transporte aéreo.
Todavia, alguns analistas mostram que caso o resultado comprove a segurança do modelo atual, as empresas aéreas podem aproveitar o estudo e pressionar por mudanças na legislação, reduzindo até o limite máximo o espaço entre fileiras.
Por Edmundo Ubiratan | Imagem: Divulgação
Publicado em 15/10/2019, às 13h00 - Atualizado às 13h20
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