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Até o final da década

Escassez na cadeia de suprimentos pressionará oferta de aéreas

Setor enfrentará problemas no fornecimento de aeronaves, peças e motores por vários anos


A350-1000 sendo montando na planta da Airbus em Toulouse, França - Airbus
A350-1000 sendo montando na planta da Airbus em Toulouse, França - Airbus

As restrições impostas na produção e fornecimento de aeronaves, peças e motores continuará a afetar o setor aéreo até o final da década. A crescente demanda por viagens aéreas intensificou o aumento da capacidade das companhias aéreas, que foram as compras nos últimos meses.

Airbus, Boeing e Embraer seguem pressionadas por suas respectivas cadeias de suprimentos. A recuperação não será solucionada no curto prazo, segundo declarações públicas das fabricantes e de empresas de leasing. Um aumento significativo no ritmo de produção deve ocorrer no final da década.

Os atrasos nas entregas de novos jatos e de componentes restringirá a oferta de assentos por muitos anos. As restrições de capacidade associada aos altos custos de combustível e a falta de profissionais, aumentará os preços dos bilhetes aéreos. 

Durante entrevista concedida à Bloomberg, o diretor financeiro da Ryanair, Neil Sorahan, afirmou que as tarifas ultrabaixas podem ser coisa do passado, ou ao menos não ser uma realidade para os próximos anos.

Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), o tráfego de passageiros consolidado global atingiu 90,5% dos níveis pré-crise sanitária, em abril, com os voos no segmento doméstico superando em 2,9% o fluxo de passageiros em relação ao mesmo período de 2019.

Mesmo com o impasse no fornecimento de componentes, Airbus e Boeing registraram algumas melhorias na logística e pretendem aumentar a produção do A320neo e 737 MAX. Os jatos de corredor único são as principais fontes de receitas, ambas pretendem aumentar  de forma gradual a cadência de produção.

A Airbus planeja produzir 65 aeronaves da família A320neo por mês até o final de 2024, aumentado para 75 no segundo semestre de 2026. Já a Boeing tem promovido ajustes para produzir cerca de 38 aeronaves 737 MAX até o fim do segundo trimestre deste ano, aumentando para cerca de 42 unidades em janeiro de 2024.

No segundo semestre do ano que vem, a norte-americana prevê a manufatura de 50 MAX por mês, próximo dos níveis de 2019, quando 52 unidades eram montadas.

Charleston
Boeing 787 é produzido em Charleston, no estado da Carolina do Sul - Boeing

Outro incremento ocorrerá na linha de produção do 787 Dreamliner, cuja a taxa mensal passará de três para cinco unidades até o fim de 2023. Para incrementar a taxa de produção mensal, a empresa planeja ampliar as instalações de Charleston, incluindo uma segunda linha de montagem do Dreamliner.

Com dificuldades para honrar seus contratos no prazo, a Airbus viu seu lucro cair 62% no primeiro trimestre de 2023, para 466 milhões de euros. A empresa prevê entregar 720 aeronaves até o fim deste ano. 

A Boeing projeta entregar cerca de 400 a 450 737 Max e setenta 787 Dreamliner neste ano. A fabricante pretende gerar entre US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões em fluxo de caixa, principal metrica utilizada atualmente por analistas para avaliar a empresa.

Principal fornecedora de jatos regionais e destaque no mercado executivo, a Embraer entregará entre 65 a 70 aeronaves comerciais e de 120 a 130 unidades de jatos executivos, no ano fiscal de 2023. 

As receitas da brasileira ficarão entre US$ 5,2 a US$ 5,7 bilhões, a margem EBIT ajustada para o ano é de até 7,4%, enquanto a margem EBITDA ajustada ficará entre 10% a 11%. O fluxo de caixa livre previsto para o fim do ano é de US$ 150 milhões.

Por Wesley Lichmann
Publicado em 02/06/2023, às 13h35


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