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Grande aposta

Empresa dos EUA promete reinventar o uso do Boeing 747

Avatar Airlines planeja dar sobrevida e rentabilizar os quadrimotores que estão sendo deixados por outras empresas aéreas


Avatar Airlines planeja utilizar o 747 em rotas de alta capacidade oferecendo menores custos ao passageiro e a operação

Esta semana surgiu a notícia que uma empresa dos Estados Unidos poderá encomendar o 747-8I, a versão de passageiros da mais recente versão do gigante da Boeing. A empresa interessada promete reinventar o 747 em um momento que a maioria das empresas aposenta sua frota de quadrimotores.

A statup Avatar Airlines, que pretende iniciar suas operações com modelo de baixo custo nos Estados Unidos, afirmou que poderá em breve adquirir até trinta 787-8I. O acordo, caso seja formalizado com a Boeing, é avaliado em US$ 10 bilhões, com as aeronaves sendo entregues entre 3 e 5 anos.

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Segundo Barry Michaels, CEO da Avatar Airlines, o plano é "reinventar o 747", o tornando novamente atrativo em diversas rotas. “Em vez de equipar a aeronave com lounges de primeira classe, bares com piano e um arranjo de assentos decadentes da década de 1970, a Avatar gostaria de devolver a experiência do 747 as massas”, disse comunicado de imprensa.

A Avatar planeja começar suas operações com quatro Boeing 747-400, de geração anterior, e adicionar outros oito aviões até o final do primeiro ano de operações, até atingir um total de 30 aeronaves nos três primeiros anos. A companhia acredita que o 747 poderá aumentar a capacidade de transporte de passageiros e cargas em diversas rotas.

O 747-400 está sendo retirado de serviço na maioria das empresas aéreas por conta de seu elevado custo operacional

Além disso, a Avatar aposta na economia de escala ao ampliar o número de assentos em determinadas rotas. A configuração pretendida para os 747-400 é de 581 passageiros, quase quatro vezes a capacidade de aviões como o Airbus A320 e 737-800. Em comunicado a empresa afirma que com isso poderá levar o equivalente a quatro voos em apenas um, reduzindo custos diretos. “Seriam necessários quatro aviões [como o A320 e 737] e 8 pilotos para fazer esse mesmo voo. Isso significa que salários, benefícios, custos de treinamento, escalas, entre outros, são todos reduzidos, tornando [o 747] muito mais barato para levar os passageiros do ponto A ao ponto B”, afirma a empresa.

O Boeing 747-400 do Avatar será configurado para acomodar 581 passageiros, sendo 539 assentos na econômica no piso principal e 42 na executiva, instalada no andar superior.

“Do ponto de vista do piloto, se uma aeronave de quatro motores apresentar uma falha no motor, as regras permitirão que eles prossigam até o destino. Um avião bimotor não tem escolha a não ser aterrar no aeroporto mais próximo”, diz outro trecho da nota.

Atualmente os aviões bimotores possuem restrições de voo monomotor bastante favoráveis. Entre as aeronaves de longo curso a restrição ETOPS (Extended Twin Engine Operations) que define o tempo de voo de uma aeronave voando monomotor até o aeroporto mais próximo pode chegar aos 370 minutos, como no caso do Airbus A350. Em aeronaves menores, como o A320 e 737, em voos domésticos nos Estados Unidos, a restrição não afeta a eficiência e viabilidade da maioria das rotas.

A Avatar espera poder em apenas cinco anos iniciar a modernização da frota, adquirindo 30 novos 747-8I, que serão adquiridos em conjunto com o lançamento de sua Oferta Pública Inicial (IPO), previsto para ocorrer entre 3 e 5 anos após o início das atividades. A companhia espera levantar mais de US$ 10 bilhões com a operação.

A escolha do 747-8I, de acordo com a Avatar, ocorre por sua grande capacidade, aliado a o fato de ser 10% mais leve por assento que o A380 e consumindo 11% menos combustível. O que poderia proporcionar uma redução de 21% no custo da viagem.

A ideia de Barry Michaels e da Avatar Airlines não é nova. A primeira tentativa do executivo em formar uma companhia de baixo custo operando o 747 surgiu em 1992, logo após a falência da Pan Am, que deixou dezenas de 747-100 a venda no mercado por valores bastante atrativos. Todavia, a empresa planejada não obteve recursos para adquirir os aviões. Ainda assim, Michaels voltou a planejar a empresa com seus 747 low cost em 2008, 2010 e 2014, novamente sem sucesso.

Caso a Avatar Airlines inicie suas operações e deseje adquirir o 747-8I a Boeing terá de encontrar um fornecedor para construção de alguns componentes da fuselagem do modelo, visto que a Triumph, responsável por parte da produção da fuselagem, encerrou suas atividades em 2019.

Mundialmente o 747 está em processo gradual de retirada de serviço, especialmente no transporte de passageiros. O que poderá significar valores bastante atraente em relação a aeronaves usadas, ainda que seus custos operacionais sejam pouco competitivos quando comparados com aeronaves bimotoras de última geração.

Por Gabriel Benevides
Publicado em 20/02/2020, às 10h30 - Atualizado às 11h51


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