Demanda global por voos cresceu 2,6% em junho, abaixo da capacidade. Tensões geopolíticas afetam ocupação e desempenho do setor aéreo
A demanda global por transporte aéreo de passageiros cresceu 2,6% em junho, na comparação anual, segundo dados divulgados ontem (31), pela Associação do Transporte Aéreo Internacional, a IATA.
O resultado representa uma desaceleração em relação aos meses anteriores, refletindo impactos de conflitos militares no Oriente Médio e a expansão mais acelerada da oferta, que cresceu 3,4% no mesmo período.
Com o avanço da capacidade superando a demanda, a taxa de ocupação global caiu 0,6 ponto percentual, atingindo 84,5%. Ainda assim, o índice permanece em patamar historicamente elevado. A IATA prevê um crescimento modesto de capacidade de 1,8% para agosto, o que deve manter os níveis de ocupação estáveis durante o verão no Hemisfério Norte.
Na análise por segmento, a demanda internacional avançou 3,2%, acompanhada por uma expansão de 4,2% na oferta e queda de 0,8 ponto percentual na taxa de ocupação, que ficou em 84,4%. Já os voos domésticos registraram alta de 1,6% na demanda, frente a um aumento de 2,1% na capacidade, com ocupação de 84,7%.
A América Latina apresentou desempenho acima da média global, com aumento de 9,3% na demanda de passageiros. A capacidade na região cresceu 11,8%, o que reduziu o fator de ocupação para 83,3%, recuo de 1,9 ponto percentual em relação a junho de 2024.
No transporte de cargas, a demanda mundial subiu 0,8% em junho frente ao mesmo mês do ano anterior, enquanto a capacidade aumentou 1,7%. O crescimento modesto oculta variações significativas entre as regiões. A Ásia-Pacífico teve forte expansão de 9,0% na demanda, enquanto América do Norte e Oriente Médio registraram quedas de 8,3% e 3,2%, respectivamente. A Europa ficou praticamente estável, com alta de 0,8%.
A América Latina teve alta de 3,5% na demanda por carga aérea, mas enfrentou recuo de 0,4% na capacidade, o que aponta para um possível estrangulamento logístico regional.
A IATA destacou que as incertezas geopolíticas e as mudanças nas políticas comerciais, como o aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos, têm dificultado o planejamento do setor. Apesar de uma melhora no índice global de manufatura e na produção industrial, os novos pedidos de exportação seguem pressionados, com o índice PMI ainda abaixo da neutralidade.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 01/08/2025, às 09h06
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