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Pane seca

Paralisação dos caminhoneiros ameaça abastecimento de querosene nos aeroportos

Em Guarulhos e no Galeão, o combustível chega por dutos vindos diretamente de refinarias, mas nos outros o fornecimento de QAv depende do frete rodoviário


A greve dos caminhoneiros ameaça o abastecimento de combustível em aeroportos pelo Brasil. Em comunicado oficial, a Infraero afirma que onze de seus principais aeroportos estão em nível crítico, com estoque de querosene e gasolina para no máximo dois dias. A situação mais dramática é a de Congonhas, que possui reserva próxima do fim.  A estatal também informa que 14 carretas da BR Aviation estão presas nos bloqueios. O saldo do dia ficou por conta de quatro caminhões da Shell, que conseguiram chegar ao aeroporto e manter o mínimo de combustível, o suficiente para até dez aviões. O aeroporto de Recife havia anunciado estoque para no máximo a noite desta quarta-feira. 

O Santos Dumont, no Rio de Janeiro, possui estoque para manter as operações regulares até esta quinta-feira, 24. Os demais aeroportos dependem das aeronaves voarem até eles com o suficiente para outra etapa, para algum aeroporto que possua maior reserva.

Como funciona o abastecimento? 

O abastecimento de aeronaves no Brasil segue o padrão mundial. Com a eventual continuidade da greve dos caminhoneiros, o fornecimento de combustível para diversos aeroportos brasileiros pode ser ameaçada. Apenas alguns poucos, como o aeroporto de Guarulhos, o maior do país, possuem abastecimento através de dutos subterrâneos. Nos demais, incluindo Congonhas, o abastecimento é feito por caminhões que provisionam combustível diariamente aos reservatórios.

Na aviação, o combustível não é medido em volume (litros), mas sim por peso (quilo). O motivo é bastante simples: densidade. O motivo é que o peso é constante, enquanto volume varia de acordo com a temperatura. Quanto mais quente, menor a densidade, e vice-versa.

Os principais aviões utilizados pelas empresas aéreas brasileiras estão entre os mais econômicos do mundo. Com consumo que varia entre 2.000 e 3.500 kg de combustível por hora. Um avião comercial médio, como o Boeing 737, pode transportar até 21 toneladas de combustível.

A densidade média do querosene aeronáutico é de 0,8196 kg/l. Ou seja, um tanque com 21 toneladas está abastecido com aproximadamente 25.622 litros de querosene. Basicamente uma carreta padrão utilizada pelas principais transportadoras do país.

Os aviões não costumam decolar com tanque cheio, pois evitam o transporte desnecessário de peso, o que se traduz em menor capacidade de transporte de carga paga (passageiros, malas ou encomendas) e maior consumo.

A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) afirmou que está acompanhando com preocupação a paralisação de caminhoneiros pelo país e os reflexos para o transporte aéreo comercial. A entidade acredita que a greve trará impactos para as operações aéreas nas próximas horas em decorrência da falta de abastecimento de combustível em alguns aeroportos brasileiros. Ainda não é possível contabilizar o número de voos ou rotas impactadas. Porém, mesmo com uma eventual retomada do abastecimento, o tempo para normalização deverá ser lento, o que tem preocupado o setor. As empresas aéreas alertam para que os passageiros  estejam preparados quanto a eventuais atrasos e cancelamentos.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 23/05/2018, às 20h00 - Atualizado às 22h10


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