Aero Boero ao longo de quatro décadas formou centenas de pilotos brasileiros e agora integra o acervo da ANAC
O Centro de Treinamento da ANAC, localizado em Brasília, recebeu um Aero Boero AB-115 para seu acervo permancente. O histórico avião de treinamento argentino se junta ao protótipo do Embraer Phenom 100, que está em exposição desde 2023.
A aeronave foi amplamente utilizada na formação de pilotos brasileiros nas últimas quatro décadas. A Aero Boero S.A, foi empresa argentina especializada em aviões leves voltados para o treinamento e teve relativo sucesso no mercado brasileiro após um acordo bilateral entre Buenos Aires e Brasília.
Em 1986, o então Departamento de Aviação Civil (DAC) expressou preocupação com a idade avançada da frota de instrução dos aeroclubes brasileiros, que operavam principalmente com aeronaves fabricadas entre as décadas de 1940 e 1960, como os Paulistinhas.
Entre 1987 e 1994, o Governo Federal adquiriu 366 aeronaves da Aero Boero, sendo 306 unidades do modelo AB-115 e 60 do AB-180, conforme dados do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB). Esses aviões foram doados a aeroclubes de todo o país visando modernizar a frota de instrução.
O Aero Boero AB-115 é um monoplano de asa alta, com estrutura de liga de alumínio reforçado e pontas em fibra de vidro. A fuselagem é composta por tubos de aço soldados e revestida com tela tratada contra corrosão.
Seu motor é um Lycoming O-235-C2A, aspirado e carburado, com potência de 115 hp, e hélice metálica bipá de passo fixo, da Sensenich. A aeronave é certificada apenas para voos VFR diurnos e equipada com instrumentação básica.
Por ser equipada com trem de pouso convencional, a aeronave exige atenção especial dos pilotos, especialmente durante pousos e taxiamento. Ainda assim, o modelo é amplamente reconhecido como ferramenta eficaz na formação de profissionais da aviação.
Além do AB-115, o Centro de Treinamento da Anac também abriga um mockup em escala real do Embraer Phenom 100. O avião foi o primeiro modelo a ser certificado após a criação da ANAC, recebendo a homologação em 9 de dezembro de 2008.
O protótipo passou por diversos testes durante o desenvolvimento e processo de certificação, incluindo ensaios de qualidade de voo (estol, estabilidade, congelamento aerodinâmico), performance (subida, decolagem, velocidade de estol) e sistemas (motor, combustível, piloto automático, entre outros).
Por Gabriel Benevides
Publicado em 12/05/2025, às 10h56
