Experiência de sucesso do Brasil na produção de combustível renovável pode ajudar assumir a liderança também na aviação
O Brasil poderá ser o maior produtor global de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) nos próximos anos, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Porém, o país deverá alinhar suas regras ao modelo mundial.
A associação apresentou hoje (6), dados sobre projetos da aviação comercial brasileira durante o 2º Fórum ITL (Instituto de Transporte e Logística) de Inovação do Transporte – Fontes alternativas de Energia no Transporte.
A avaliação da Abear está alinhada aos estudos divulgados recentemente pela Boeing, que prevê que o Brasil conta com capacidade para assumir a liderança na produção de SAF de origem vegetal.
Todavia, uso de SAF no Brasil ainda depende de uma política pública e regras de compensação ambientais alinhadas com os modelos que estão sendo adotados internacionalmente.
“Temos defendido o alinhamento do mercado brasileiro de SAF com as regras internacionais.
É preciso que haja uma regulamentação do mercado de crédito de carbono, com o alcance de metas pela captura de carbono, certificação, qualidade e, principalmente, segurança, um princípio das empresas aéreas brasileiras”, destacou Jurema Monteiro, diretora de Relações Institucionais da Abear.
Segundo a Abear, atualmente o SAF representa, globalmente, 65% das medidas para zerar emissões de carbono no transporte aéreo até 2050, seguido de medidas de compensação, como captura de carbono, com 19%, enquanto o surgimento de novas tecnologias pode representar 13% das ações e outros 3% serão relacionadas as mudanças em infraestrutura e operações.
“Temos que trabalhar em algumas frentes. A primeira delas é otimizar as rotas das nossas aeronaves e temos hoje um esforço nesse sentido para reduzir as distâncias”, avaliou o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio.
O Brasil ainda mantém um modelo de gestão de tráfego aéreo que não otimiza rotas diretas e o desempenho de cada modelo de aeronave. A previsão é que um estudo permita usar de melhor forma o espaço aéreo brasileiro, reduzindo distâncias e tempo de voo.
Quando ao uso de SAF o Brasil deverá alinhar as necessidades do setor aéreo com políticas públicas realistas e que permitam um avanço no uso de combustíveis alternativos na aviação.
“Acima de tudo, é necessário que haja um diálogo com o governo para que possamos construir conjuntamente políticas públicas de SAF no país. Temos diversidade de rotas tecnológicas e disponibilidade de biomassa, condições que podem levar o país a ser pioneiro e o maior produtor de SAF em todo o mundo”, afirmou Jurema.
Redação
Publicado em 06/10/2022, às 17h40
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