Centro de controle instalado em Recife é responsável por todo movimento na região nordeste e parte do oceano
Com controle e gerenciamento do espaço aéreo de uma área que totaliza 13,5 milhões de quilômetros quadrados, o Cindacta III (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) é responsável por todo o controle da região nordeste e de praticamente todo o Atlântico Sul.
A AERO Magazine visitou com exclusividade o Cindacta III, instalado em Recife, onde pode acompanhar a rotina dos mais de 2.000 profissionais, entre civis e militares, que cuidam de uma das regiões de maior tráfego aéreo do país. Por dia são mais de 900 voos que passam sob a área de responsabilidade do Cindacta III.
Ainda que no imaginário popular o controle seja sempre realizado pela torre, que é um dos ícones mais visíveis em um aeroporto, o ACC e APP, usualmente ficam instalados fora do aeroporto, em edifícios que pouco remetem ao controle aéreo. O Cindacta III, por exemplo, está localizado nos arredores do aeroporto de Recife, mas apenas um observador atento notaria sua existência. Montado em um amplo edifício de concreto, com visual da década de 1980, época que foi inaugurado, o órgão gerencia dois centros de controle de área (ACC), incluindo o controle Atlântico – que se estende até o meridiano 10 W, oito controles de aproximação (APP), seis torres de controle (TWR), e diversas estações de telecomunicações aeronáuticas e das estações permissionárias de tráfego aéreo, distribuídas por dez destacamentos de controle do espaço aéreo. Os destacamentos dão suporte ao trabalho realizado pelo Cindacta em 26 aeroportos da região, com órgãos de tráfego aéreo na sua área de responsabilidade.
A maior parte da estrutura existente abriga o ACC-RF, que é responsável por todo tráfego aéreo que voa nos estados da região Nordeste. Contudo, utilizando um espaço físico menor, o ACC-AO cuida de uma vasta área sobre o Oceano Atlântico, da costa brasileira ao meridiano 10 W, considerado o principal corredor de rotas entre a América do Sul e a Europa.Praticamente todos os voos nessa rota cruzam o espaço aéreo sob a tutela do órgão.
Os controladores hoje dispõem de um dos mais modernos sistemas de controle do mundo. A plataforma Sagitário, acrônimo para Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatório de Interesse Operacional, se tornou o sistema padrão em todos os órgão de controle nacionais. O sistema desenvolvido pela brasileira Atech agregou uma série de funcionalidades, incluindo a emissão de alertas e relatórios, além de oferecer um modelo mais eficiente que permite maior segurança e rapidez na circulação aérea. O sistema é um software nacional capaz de processar dados de diversas fontes, como radares e satélites e consolidá-los em uma única apresentação visual para o controlador de voo.
Se destaca a capacidade do sistema em permitir a sobreposição de imagens meteorológicas sobre a imagem do setor sob controle, aumentando a consciência situacional dos controladores e a evolução de mau tempo em determinada região do país. Os planos de voo também podem ser editados graficamente sobre o mapa possibilitando a inserção, remoção e reposicionamento de pontos do plano e cancelamento de operações.
Outra característica recém implementada pelo Brasil foi o CPDLC (Controller Pilot Data Link Communications), que permite a comunicação entre o órgão de controle e as aeronaves através de mensagens de textos enviadas através de um enlace de dados (data link), que através do ADS-C. O sistema possibilita maior agilidade no controle, além de evitar eventuais interpretações errôneas, muitas causadas pelas barreiras linguísticas entre controlador e pilotos. Embora toda comunicação por voz, no ACC-AO, seja feita em inglês, as diferenças entre sotaques e estática na fonia podem comprometer a correta absorção das instruções.
Por Edmundo Ubiratan, de Recife
Publicado em 28/08/2019, às 15h00 - Atualizado às 16h00
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