Boeing diz que a prioridade é garantir a entrega dos 737 MAX e 777X e cumprir prazos estabelecidos com clientes
A Boeing iniciou recentemente a transferência de engenheiros do programa X-66A, criado em parceria com a NASA, para reforçar os times de engenharia que atuam nos projetos comerciais, incluindo os modelos 737 MAX e 777X.
Em um memorando interno, o diretor de tecnologia da Boeing, Todd Citron e o vice-presidente de desenvolvimento de produtos, Mike Sinnett, destacaram que, embora o X-66A tenha um grande potencial para o futuro das aeronaves comerciais, é crucial no momento focar em projetos em andamento e que permita cumprir oscompromissos com os atuais clientes.
De acordo com o comunicado, a Boeing percebeu a necessidade de adicionar recursos de engenharia aos 737 MAX 7 e MAX 10, além dos 777X, que acumulam vários anos de atrasos e estão distantes da certificação.
Por ora, a Boeing manterá parte dos engenheiros no programa X-66A, mas priorizando o desenvolvimento dos projetos comerciais em andamento e que exigem uma rápida conclusão da certificação. O 777-9 deveria ter entrado em serviço em 2020, mas acumula diversos atrasos e a previsão agora é a entrega em meados de 2025. Já os 737 MAX 7 e MAX 10 foram atingidos pelas mudanças nas regras de certificação, criadas após os acidentes fatais com os 737 MAX 8, e enfrentam uma série de contratempos que seguem postergando a obtenção do certificado de tipo.
Ainda que o X-66A possa abrir as portas para uma nova geração de aviões comerciais, a Boeing ainda enfrenta problemas severos de qualidade, passando por uma série de audiências e auditorias federais, em especial após o incidente com a porta do Boeing 737 MAX 9, da Alaska Airlines.
Somado a este fato, um porta-voz da empresa explicou que a Boeing continuará apoiando o programa X-66A com seus recursos globais de engenharia e que a NASA tem sido muito solidária com a decisão de permitir a realocação de engenheiros, oferecendo assim os recursos próprios para manter o progresso do desenvolvimento do avião experimental.
Em 2023, a Boeing e a NASA anunciaram o X-66A testaria o design de um novo conceito de asa com um suporte e criada para voos transônicos. Por ser apenas um avião de testes, o X-66A utilizará uma estrutura modificada do McDonnell Douglas MD-90, que validará os estudos de configuração da asa para reduzir o consumo de combustível e as emissões de poluentes em até 30% em comparação com as aeronaves atuais que operam rotas domésticas nos EUA.
A Boeing não recebeu um único pedido para o programa 737 MAX desde março, quando a American Airlines encomendou 85 aeronaves do tipo. Outros pedidos para o avião em 2024 incluem duas encomendas separadas de dois clientes não identificados, que encomendaram três e dez 737 MAX, cada.
Alguns desses problemas de entrega estão relacionados também as iniciativas de aumentar a qualidade na unidade de Renton, Washington, principal local de montagem do programa 737.
Por Micael Rocha
Publicado em 01/07/2024, às 13h00