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A pior ideia do mundo?

Aviões utilizando esteiras de tratores no trem de pouso

Durante a Guerra Fria os Estados Unidos testaram trem de pouso que pudesse operar em qualquer tipo de terreno


Após o fim da Segunda Guerra, os militares dos EUA passaram a buscar uma solução para operarem aeronaves de grande peso em pistas não preparadas. Durante os anos do conflito, um dos entraves para operação dos bombardeiros B-17 e B-29 era a restrição no número de aeroportos com infraestrutura adequada.

A solução mais óbvia era reduzir a pressão total da aeronave no terreno, o que gerou uma opção nada óbvia e muito menos convencional: o uso de lagartas.

O sistema, popularmente conhecido como esteira, é amplamente empregado em veículos que necessitam transitar em terrenos difíceis e despreparados, como tratores e veículos de combate pesados. Desenvolvido no início do século 18, o sistema se tornou popular apenas no século 20 graças à Caterpillar Tractor Company.

Por possuir uma área de contato maior, a esteira permite reduzir consideravelmente o chamado “foot print”, ou seja, a área de contato com o solo.

BOMBARDEIRO COM ESTEIRAS

XB-36 foi o principal foco do projeto para estudar a viabilidade de usar lagartas no lugar dos pneus do trem de pouso principal

Por ser a maior especialistra, na época, nessa tecnologia, a Caterpillar foi contratada pelo Pentágono para desenvolver alguns protótipos de trem de pouso tipo lagarta. O objetivo era permitir que os aviões, independente do seu porte, operassem numa série de solos, incluindo areia, encharcados e grama.

O foco do programa estava no bombardeiro pesado XB-36, que, devido a seu peso estava restrito a três bases aéreas americanas. Porém, o sistema era extremamente pesado e complexo, sofrendo ainda com diversas limitações como baixa velocidade de táxi, problemas durante decolagem e pouso, exigência de manutenção constante, impossibilidade de ser retraído na maior parte dos aviões e por aí vai. 

Complexo e pesado, o sistema logo se mostrou completamente inviável na aviação 

O programa para uso de trem de pouso tipo largarta foi um dos estudos mais estranhos e inviáveis da indústria aeronáutica. Foi tão problemático que foi logo cancelado, seus dados destruídos e nenhuma tecnologia paralela surgiu. Ainda assim, entre o final da década de 1940 e inicio dos anos 1950, diversos aviões receberam o estranho trem de pouso, como o Convair XB-36, Douglas A-20 e Boeing EB-50B. Até mesmo o caça Curtiss P-40, que mal tinha espaço para o trem de pouso convencional, testou tal ideia. Ao final descobriu-se que era impossível utilizar tal sistema na aviação.

Por Edmundo Ubiratan | Foto: Divulgação
Publicado em 04/03/2019, às 15h00 - Atualizado às 15h17


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