Voos ponto a ponto e hub-and-spoke moldam estratégias da aviação global, com novas rotas e mega hubs redefinindo conectividade e eficiência
A disputa entre os modelos de operação aérea ponto a ponto e hub-and-spoke definiu estratégias na indústria da aviação após a década de 1970, mas ganhou um novo impulso nos anos 2000 na disputa de conceitos da Airbus e Boeing.
Enquanto a Airbus investiu no conceito de grandes hubs, com o desenvolvimento do A380, a Boeing apostou no modelo descentralizado com o 787. A consolidação do ponto a ponto — com menor dependência de conexões — favoreceu o projeto da Boeing, tornando o 787 um dos widebodies mais vendidos do mundo. Já o A380 teve a produção encerrada em 2021.
O ponto a ponto conecta diretamente duas cidades, eliminando escalas em hubs. Esse conceito reduz o tempo total de viagem e facilita a abertura de novas rotas, atraindo companhias de baixo custo e startups. Por outro lado, operar rotas com menor demanda pode elevar custos e dificultar conexões.
No hub-and-spoke, passageiros são redistribuídos a partir de aeroportos centrais, como no caso do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Essa abordagem oferece mais opções de voos e ganhos de escala, mas depende de infraestrutura centralizada, o que pode gerar gargalos operacionais — como ocorreu com a Qatar Airways durante restrições no espaço aéreo no Oriente Médio em junho de 2025.
Apesar do crescimento do ponto a ponto, especialmente em voos de curta e média distância, o hub-and-spoke permanece essencial para rotas intercontinentais e para ampliar a conectividade em regiões menos atendidas, como a África.
Companhias do Oriente Médio, como a Emirates, continuam a investir no hub-and-spoke com a maior frota de widebodies do mundo e a expansão de mega hubs. Dubai trabalha em um novo aeroporto com capacidade para 280 milhões de passageiros por ano, enquanto a Arábia Saudita anunciou planos para um terminal com capacidade para 185 milhões de passageiros.
A tendência global aponta para a coexistência entre os modelos, apoiada por aeronaves mais eficientes, como o Boeing 787, o Airbus A350 e o A321XLR, que ampliam a viabilidade de rotas ponto a ponto de longo alcance.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 08/07/2025, às 09h45
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