Proposta francesa de liderar pilares críticos do Future Combat Air System amplia risco de ruptura no projeto europeu
A França busca aumentar sua participação no Future Combat Air System (FCAS) para cerca de 80%, em uma manobra que amplia as tensões no programa europeu de caça de sexta geração.
A proposta francesa prevê que a Dassault Aviation lidere três dos pilares mais estratégicos do projeto: a fuselagem do Next Generation Fighter (NGF), o motor (em parceria com a Safran), e os sensores, área em que a Thales é um dos principais parceiros.
A redistribuição colocaria a Alemanha à frente do desenvolvimento do Combat Cloud e dos Remote Carriers (drones), enquanto a Espanha manteria responsabilidades em simulação e guerra eletrônica. O movimento francês é visto como uma ruptura no equilíbrio atual, em que as tarefas e direitos de propriedade intelectual são divididos quase igualmente entre os parceiros.
Com um orçamento estimado em mais de €100 bilhões, o FCAS foi concebido para substituir os caças Rafale da França e os Eurofighter Typhoon da Alemanha e Espanha a partir de 2040. A próxima fase do programa, voltada à construção de um protótipo, estava prevista para ser lançada até o fim de 2025. Entretanto, a insistência francesa em ampliar seu domínio sobre o projeto pode atrasar o cronograma.
Autoridades alemãs reagiram com preocupação. O deputado do Bundestag, Christoph Schmid, que é membro do partido SPD do ministro da Defesa Boris Pistorius, alertou que aceitar a proposta significaria “financiar um projeto francês com dinheiro alemão”. Segundo uma fonte da indústria de defesa ouvida pela Reuters, representantes sindicais da Airbus Defence and Space também questionaram a viabilidade da parceria francesa, sugerindo que outras alianças na Europa poderiam ser mais favoráveis.
O CEO da Dassault Aviation, Eric Trappier, afirmou que a divisão de responsabilidades precisa ser revista para garantir o sucesso do programa. “Para construir o avião, é preciso um único líder capaz de escolher os melhores parceiros”, declarou.
Trappier também sugeriu que, se não houver acordo, a Dassault pode desenvolver o NGF de forma independente, a exemplo do que ocorreu no projeto do drone furtivo nEUROn, liderado pela França. No passado os franceses também seguiram um caminho próprio quando os europeus negociaram um novo modelo de caça, que deu origem ao Eurofighter, enquanto a Dassault avançou com o Rafale.
A proposta francesa prevê que empresas nacionais liderem os pilares mais críticos:
Caso a redistribuição seja aceita, restaria à Alemanha a liderança do Combat Cloud e dos drones, enquanto a Espanha manteria funções em simulação e guerra eletrônica.
A mudança rompe o equilíbrio atual, em que as tarefas são divididas quase igualmente. Críticos apontam que a estratégia francesa, se implementada, transformaria o FCAS em um projeto predominantemente nacional, financiado parcialmente por recursos alemães e espanhóis.
Enquanto isso, rumores apontam para um possível interesse da Alemanha em integrar o Global Combat Air Programme (GCAP), liderado por Reino Unido, Itália e Japão, como alternativa ao FCAS caso as negociações fracassem.
Redação
Publicado em 08/07/2025, às 15h24
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