AERO Magazine
Busca

Oportunidades e Desafios

Aviação comercial debate futuro do transporte aéreo na América Latina

Transporte aéreo no Brasil e América Latina apresenta oportunidades e desafios para o futuro


Copa Airlines é uma das empresas aéreas com maior crescimento na América Latina e Panamá se destaca na região - Divulgação
Copa Airlines é uma das empresas aéreas com maior crescimento na América Latina e Panamá se destaca na região - Divulgação

O anúncio da fusão dos negócios entre a brasileira Gol e a colombiana Avianca marca um novo período de consolidação do transporte aéreo na América Latina. O movimento considerado natural antes mesmo da crise sanitária deverá ganhar no impulso na luta pela sobrevivência do setor aéreo na região.

A aviação comercial na América Latina e Caribe ainda deverá registrar uma série de consolidações e mudanças durante a recuperação da pandemia, que se tornou um dos momentos mais desafiadores do setor.

“Essa consolidação [da Gol e Avianca] na América Latina era uma obviedade e é uma boa notícia para o setor, para os passageiros e para o crescimento da região”, destacou explicou Hérman Pasman, chefe de operações do grupo Latam.

Mesmo em um movimento de fusões, a América Latina e Caribe tem apresentado um crescimento constante no número de empresas aéreas entrantes, o que justamente torna viável para grandes grupos a consolidação para manter sua posição de mercado. “O total de companhias aéreas na região está crescendo e creio que estamos criando uma cadeia importante”, disse Julio Gamero, CEO da TAG Airlines.

As empresas aéreas latinas foram uma das poucas que não tiveram qualquer incentivo ou apoio oficial para superar a crise, ao contrário das norte-americanas e europeias, por exemplo, que receberam centenas de milhões de dólares para enfrentar a mais grave crise da história da aviação comercial.

O futuro das companhias aéreas da América Latina e Caribe voltou a ser debatida em um fórum internacional realizado pela ALTA, durante a Conferência ALTA CCMA & MRO, que ocorreu Cartagena, na Colômbia.

Entre os temas tratados estava justamente a recuperação da indústria após a pandemia, confirmando o diagnóstico apresentado pela ALTA em outubro do ano passado, assim como os recentes movimentos do mercado, como a consolidação de empresas aéreas em grandes grupos.

O setor tem destacado sua importância não apenas para a economia dos países, mas também o fato de ser considerado fundamental para o desenvolvimento social.

“Sem a aviação não se transporta pessoas e vida. Sabemos que aonde chega, a aviação leva desenvolvimento. A cada 14 empregos gerados pela indústria, outros 18 empregos indiretos são gerados em nossa região”, disse José Ricardo Botelho, CEO e Diretor Executivo da ALTA.

Embora o setor aéreo na região acredite no desenvolvimento do negócio de ultrabaixo custo na região, com um modelo tarifário bastante flexível e competitivo, algumas políticas recentes no Brasil pode isolar o país do crescimento de um conceito que torna a tarifa mais barata. A proibição da cobrança da bagagem de forma separada vai reduzir as opções tarifárias, tornando menos acessível o transporte aéreo.

Ainda assim, existe na região uma tendência de novas empresas atuando no modelo de ultrabaixo custo, com cobrança individual de cada item, desde despacho de bagagem até pelo serviço de bordo. Porém, o setor acredita que sem uma regra clara em toda a América Latina o conceito pode ficar restrito a poucas iniciativas.

“Eu tenho a percepção de que ter uma empresa low cost entrando de forma individual e em um país em particular é muito difícil, porque o modelo low cost latino-americano é diferente dos modelos americano e europeu, por exemplo”, explicou Pasman.

“Então eu creio em uma consolidação desse tipo de modelo em grupo para a região. Para essa indústria custo é tudo, além da segurança. Creio que haverá uma ultra low cost que entrará no Brasil, por exemplo, mas agora voltaram a votar no Congresso que não se pode cobrar a mala. Isso significa não ter uma low cost naquele país”, sentenciou Pasman.

Mesmo diante de um cenário conturbado politicamente, e com insegurança jurídica, o mercado na América Latina está se recuperando muito mais rápido do que se projetava há 2 anos. Parte do movimento se deve a necessidade de viagens dos usuários do transporte aéreo, somado aos trabalhos de corte de custos promovidos pelas empresas aéreas nos últimos meses. “Em momentos como o atual, onde há pressões inflacionárias em algumas partes do mundo ou de recursos materiais ou humanos, há a necessidade de uma otimização de fornecedores para manejar essa inflação. Esse é um tema importante e muito sério para todos nós que estamos unidos na mesma indústria”, disse José Antonio Montero, Chefe Financeiro da Copa Airlines.

Com desafios e oportunidades a aviação comercial em toda a América Latina e Caribe deve continuar sendo uma das que mais cresce no mundo, ampliando o alcance e importância do transporte aéreo na região. “Temos que lembrar que essa é uma região que nos últimos 20 anos triplicou sua aviação. E as previsões dizem que nos próximos 15 anos vai duplicar, então em 30, 35 anos teremos um crescimento de sete vezes na indústria latino-americana e do Caribe”, disse Pasman.

  • Receba as notícias de AERO diretamente das nossas redes sociais clicando aqui

Banner Promocional

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 18/05/2022, às 11h19


Mais Notícias