Empresa norte-americana está ampliando reestruturação da frota após agravamento da crise do coronavírus
Os 18 Boeing 777 da frota da Delta serão retirados de serviços de forma permanente
Texto atualizado no dia 14 de maio de 2020, às 17h40
A Delta Air Lines anunciou mais uma redução da frota, incluindo agora a aposentadoria de todos seus dezoito Boeing 777. A empresa busca uma forma de se readequar rapidamente ao novo cenário gerado pela pandemia do coronavírus e está retirando de operação modelos considerados pouco eficientes.
A aposentadoria dos 777 permitirá a Delta adequar sua oferta a demanda projetada para os próximos meses e ainda deverá gerar uma economia imediata de aproximadamente US$ 50 milhões por dia.
"Estamos fazendo mudanças estratégicas e econômicas em nossa frota para responder ao impacto da pandemia de COVID-19, além de garantir que a Delta esteja bem posicionada para a recuperação após a crise", disse Gil West, Chief Operating Officer da Delta Air Lines. "O 777 tem sido uma parte confiável do sucesso da Delta desde que ingressou na frota em 1999 e, devido às suas características operacionais únicas abriu novos mercados ininterruptos e de longo curso, que somente ele poderia voar naquele momento".
Todavia, a empresa já trabalhava na modernização da frota substituindo os Boeing 777 pelos modernos Airbus A350. Inclusive, a empresa deverá receber parte do pedido originalmente feito pela Latam, dentro do processo de aquisição de parte das ações da companhia aérea sul-americana. Os A350 oferecem capacidade similar, mas consumindo até 21% menos combustível que a primeira geração dos 777.
A Delta Air Lines emprega o 777-200 desde 1999, quando recebeu os primeiros aviões e desde 2008 opera também a versão de ultralongo alcance, o 777-200LR. Atualmente a frota de 777 é dedicada basicamente aos voos entre Atlanta, nos Estados Unidos, e Londres na Inglaterra, assim como Joanesburgo, na África do Sul. Outro importante mercado atendido pelos “triplo sete” é a rota Los Angeles – Syndey.
Ainda que estejam próximos de serem retirados de operação pela Delta, os 777 continuam sendo o cavalo de batalha realizando uma série de voos cargueiros, correio e repatriamento de cidadãos dos Estados Unidos em meio à pandemia. Desde o final de abril o modelo voou entre Chicago e Los Angeles para a Frankfurt, na Alemanha, entregando correspondência às tropas militares norte-amerianas baseadas no exterior,
Além disso, tem realizado diversos voos para a Ásia buscando milhares de suprimentos médios e hospitalares, tendo também feito a repatriação de cidadãos norte-americanos que estavam em diversas cidades do mundo, como Sydney, Mumbai, Manila.
Recentemente a Delta já havia confirmado a aposentadoria de toda a frota de MD-88 e MD-90, que devem ser formalmente retirados de serviço até o final do junho. Até o momento mais de 650 aviões da empresa estão fora de serviço, muitos dos quais não deverão retornar a operação após a pandemia.
O CEO da Delta Airlines, Ed bastian, enviou um comunicado aos funcionários comentando a decisão de aposentar o 777, destacando que o principal objetivo da companhia é reduzir a utilização de caixa para zero até o final de 2020, o que significará uma rede, frota e operação menores ao menos nos próximos dois ou três anos.
Leia abaixo a íntegra do comunicado:
Com a queda sem precedentes na demanda de viagens em meio à pandemia da COVID-19 e a desaceleração econômica global, continuamos a tomar medidas para proteger o patrimônio, os empregos e o futuro da Delta. Nosso principal objetivo financeiro para 2020 é reduzir nossa utilização de caixa para zero até o final do ano, o que significará, pelos próximos dois a três anos, uma rede, frota e operação menores em resposta à demanda substancialmente reduzida de clientes.
Uma ferramenta importante para nos ajudar a atingir esses objetivos é a retirada de aeronaves mais antigas e a modernização de nossa frota conforme planejamos para o futuro. Já aceleramos o plano de aposentadoria para os MD-88 e MD-90 e estacionamos mais de 650 jatos. Com a expectativa de que as viagens internacionais retornem lentamente, também tomamos a difícil decisão de aposentar permanentemente nossa frota de Boeing 777 – no total de 18 aeronaves – até o final do ano. Nossos A330 e A350-900, mais econômicos em termos de combustível e de custos, realizarão os voos de longa distância à medida que a demanda internacional retornar.
Aposentar uma frota tão icônica quanto a do 777 não é uma decisão fácil – eu sei que isso afeta diretamente muitos de vocês que voam, tripulam e fazem a manutenção desses jatos. O 777 tem desempenhado um papel importante na Delta desde 1999, permitindo a abertura de novos mercados de longa distância e o crescimento de nossa rede internacional à medida que nos transformamos em uma companhia aérea global. Eu voei nesse avião muitas vezes e adoro a experiência que ele proporcionou ao longo dos anos.
No entanto, estacionar essa frota proporcionará uma economia significativa nos próximos anos. Atualmente, a Delta está gastando cerca de US$ 50 milhões por dia, e medidas como essa nos ajudam a conter os custos, em um esforço para proteger os empregos da Delta e nosso futuro. A companhia entrou nessa crise de maneira determinada, e esse será um passo importante para garantir que continuemos em uma posição relativamente forte no setor, à medida que a demanda se recuperar.
Continuamos a ouvir de nossos clientes sobre o excelente trabalho que vocês estão fazendo todos os dias. Nas últimas semanas, recebi muitos e-mails e mensagens nos agradecendo pelo incrível trabalho de nossos profissionais de Reservas e Atendimento ao Cliente, principalmente porque eles ajudaram no processamento de reembolsos.
A Delta devolveu mais de US$ 1,2 bilhão a nossos clientes desde o início da pandemia, incluindo US$ 160 milhões somente este mês. Isso dá a dimensão do enorme volume de reembolsos em dinheiro que nosso pessoal lidou com seus reconhecidos profissionalismo e empatia.
Como um cliente disse ao responder uma pesquisa: “Eu estava me preparando para um aborrecimento por conta de experiências anteriores com o atendimento ao cliente de outras empresas, mas minha preocupação foi tratada de uma maneira muito boa do ponto de vista do consumidor. Essa foi a minha melhor experiência de atendimento de todos os tempos”.
Agradeço às equipes de Reservas e de Atendimento – vocês são os melhores do setor.
Além de proteger nosso caixa e posicionar a Delta no futuro, nossa outra prioridade – e a mais importante – é proteger a saúde e a segurança de nossos funcionários e clientes. Isso inclui saúde mental e física. Maio é o Mês da Conscientização da Saúde Mental e, em momentos estressantes como estes, devemos estar particularmente atentos ao nosso bem-estar mental e emocional. A Delta possui recursos disponíveis, incluindo o Programa de Assistência ao Funcionário, que podem ajudar com praticamente qualquer problema ou preocupação relacionada à saúde mental. Há informações disponíveis na Deltanet (rede interna de comunicação para funcionários ativos e aposentados da Delta) sobre como acessar esses programas e você também pode entrar em contato com o departamento de Recursos Humanos.
Quero agradecer a todos pelo trabalho duro e pelos sacrifícios que estão fazendo para garantir o futuro da nossa companhia. Isso inclui aqueles que tiraram licenças voluntárias – mais de 41.000 até agora –, bem como nosso pessoal na linha de frente, cuidando de nossos clientes durante esse período estressante. Vocês continuam a me inspirar todos os dias enquanto trabalhamos para construir o futuro da Delta juntos.
Continue mantendo-se saudável e seguro, física e mentalmente, no trabalho e em sua vida pessoal. Nada é mais importante. Entrarei em contato em breve com outra atualização e continuarei a responder suas perguntas nos nossos encontros virtuais no SkyHub (mídia social interna da Delta).
É uma honra trabalhar ao seu lado.
Ed
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 14/05/2020, às 11h30 - Atualizado às 17h40
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