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Desaparecimento do voo MH370 completa quatro anos sem pistas do avião e seus ocupantes

Buscas devem ser encerradas em junho, colocando fim na missão que envolveu quase uma dezena de países e mapeou 70.560.000 km² do Oceano Índico


Quando se completa quatro anos do desaparecimento do voo 370 da Malaysian Airlines, as autoridades dos países envolvidos nas buscas concordaram em suspender em definitivos as operações de localização da aeronave, o que deve acontecer em junho. As buscas coordenadas por diversos países passaram a abranger áreas cada vez mais ampliadas, mas após quatro anos frustrou as equipes de resgate e governos envolvidos.

O voo MH370, que desapareceu em 8 de março de 2014, partindo de Kuala Lumpur, na Malásia, com destino a Pequim, na China, sumiu após mudar repentinamente o curso.

Em janeiro de 2017, Austrália, China e Malásia coordenavam uma missão de busca em uma área que chegou a abranger 120.000 km² do Oceano Índico. Com custo de US$ 159 milhões, o esforço não resultou em nenhuma pista do local da queda.

Os planos para resgatar os destroços e, eventualmente, os gravadores de dados de voo e de voz da cabine foram finalizados e envolveram agências malaias e australianas.

Os investigadores se dividem entre aqueles que acreditam que o MH370 sofreu uma falha catastrófica e os que apostam que o Boeing 777-200ER, de matrícula 9M-MRO, foi desviado de sua rota original, passando a voar sem rumo sobre o Oceano Índico, numa missão suicida.

Até o momento, a ATSB (Australian Transport Safety Bureau) confirmou que 27 fragmentos encontrados nas praias de ilhas do Oceano Índico e da costa oeste da África pertenciam ao 9M-MRO. A chegada de alguns fragmentos nas praias a leste do local de origem do voo mostra que o avião se desviou consideravelmente de áreas que as buscas se concentravam inicialmente. Ainda assim, as autoridades não podem confirmar que o avião caiu entre a Índia e a África, ou que os destroços foram carregados pelas correntes marítimas, se distanciando cada vez mais do local do impacto.

Com uma área total de 70.560.000 km², o Oceano Índico é a terceira maior divisão oceânica do mundo, cobrindo aproximadamente 20% da água da superfície da terra. Sua vasta área e a autonomia do Boeing 777, somada a inexistência de cobertura radar em regiões oceânicas, fazem das buscas um complexo e difícil jogo de adivinhação. Sem nenhuma pista concreta de onde o avião esteve em seus momentos finais, as buscas dos últimos quatro anos foram baseadas em suposições.

Novas Buscas

No início do ano, Malásia concordou em pagar US$ 70 milhões à empresa Ocean Infinity se achasse os restos do Boeing 777 dentro de 90 dias. A embarcação especializada nesse tipo de trabalho, o navio norueguês Seabed Constructor iniciou seus trabalhos em 23 de janeiro, atuando em uma área de 25.000 km², localizada próxima zona explorada anteriormente, no sul do Oceano Índico. A redução no perímetro de busca se baseia nos dados obtidos com os destroços, como espécies de vida marinha localizadas na superfície dos fragmentos encontrados, aliado a suposta área de maior chance de sobrevoo nos minutos finais.

Navio Seabed Constructor utilizado nas buscas atuais

A Ocean Infinity realizou um contrato de "no cure no pay" (se não salvar, não recebe), comum na indústria de recuperação de navios naufragadas. A missão inclui 90 dias de busca marítima, desconsiderando as paradas de reabastecimento, que ocorrem a cada 26 dias. O Seabed Constructor dispõe de diversos submarinos autônomos e sistemas de mapeamento do leito submarino, a empresa espera obter ao menos alguma pista do local onde se encontra a maior parte dos destroços. O navio completou a primeira etapa das buscas, cobrindo 8.200 km², sem obter nenhum dado novo. Agora a embarcação se desloca para uma nova área. A previsão é que os trabalhos sejam encerrados em meados de junho, quando oficialmente encerra-se a busca pelo avião.

Por Ernesto Klotzel e Edmundo Ubiratan
Publicado em 07/03/2018, às 14h00 - Atualizado em 08/03/2018, às 12h24


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