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Após acidente, controladores de tráfego aéreo são incentivados a se demitirem

Governo Donald Trump está incentivando controladores de tráfego aéreo a buscarem 'cargos mais produtivos' no setor privado


O caso aconteceu um dia depois do acidente envolvendo um voo da American Airlines e um helicóptero militar - Reagan National Airport
O caso aconteceu um dia depois do acidente envolvendo um voo da American Airlines e um helicóptero militar - Reagan National Airport

Um e-mail enviado pelo governo dos Estados Unidos, na última quinta-feira (30), a funcionários da agência federal de aviação do país, a FAA, está os incentivando a buscar empregos de 'maior produtividade'.

O caso aconteceu um dia após o acidente com o voo AA5342 da American Airlines, próximo ao aeroporto Ronald Reagan (DCA), envolvendo também um helicóptero militar e que resultou na morte de 67 pessoas no rio Potomac. O episódio trouxe questionamentos sobre a gestão de pessoal do órgão.

De acordo com o jornal New York Times, no documento, a administração Trump mencionou a necessidade de transição para cargos mais produtivos no setor privado. A iniciativa fazia parte da estratégia da administração Trump para reduzir a força de trabalho federal e eliminar servidores desalinhados com a agenda política do governo. 

Na véspera da tragédia, cerca de dois milhões de funcionários federais receberam a opção de pedirem demissão e serem compensados até 30 de setembro, como parte do programa de renúncia diferida do governo. Segundo a CBS News, a Casa Branca estimava que até 10% dos trabalhadores poderiam deixar seus cargos devido à medida.

O Departamento de Transporte (DoT) concedeu isenção aos controladores de tráfego aéreo no programa de demissão voluntária, mesmo assim, o envio do e-mail gerou repercussão negativa entre funcionários da FAA, especialmente após o acidente.

Um relatório preliminar da agência indicou que a equipe de controle de tráfego aéreo de DCA operava com uma escala reduzida no momento do incidente. Embora a quantidade de profissionais estivesse dentro das diretrizes da agência, duas responsabilidades foram transferidas para apenas um controlador. Além disso, na última sexta-feira (31), foi revelado que um supervisor da torre de controle deixou o plantão antes do término do turno.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) divulgou novas informações sobre os momentos anteriores à colisão. Os registros de voz da cabine indicaram que a tripulação reagiu verbalmente segundos antes do impacto entre o Bombardier CRJ700 e um helicóptero militar dos Estados Unidos.

O ADS-B e o gravador de dados de voo mostraram que a torre de controle solicitou à tripulação uma mudança de aproximação da pista 1 para a pista 33. O controle de tráfego aéreo informou sobre a posição do CRJ700, que estava a 1.200 pés, e questionou se a tripulação do helicóptero tinha o avião em vista. Um segundo depois, a tripulação recebeu um aviso automatizado de tráfego.

O governo Trump também implementou um congelamento de contratações para funcionários federais. Ainda não há confirmação sobre o impacto da medida na FAA e na formação de novos controladores de tráfego aéreo. A agência vinha priorizando a capacitação desses profissionais devido à escassez no setor.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 03/02/2025, às 08h15


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