Ainda assim, no primeiro semestre fabricante europeu obteve novos contratos e realizou 196 entregas
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 10/07/2020, às 15h00 - Atualizado às 15h23
Família A320neo manteve grande parte das encomendas registradas antes da pandemia e obteve novos contratos no período
Pelo segundo mês consecutivo a Airbus não registrou nenhuma nova encomenda, algo inédito na história do fabricante europeu. Ainda assim, o último mês de junho apresentou uma ligeira melhora no total de entregas, com 36 aviões, sendo quatro de grande porte.
O saldo é positivo quando comparado aos meses anteriores, quando a Airbus realizou 24 entregas em maio, ante 14 em abril e outras 36 em março. Nos primeiros dois meses do ano, dias antes do anuncio da pandemia global, a Airbus havia registrado a entrega de 31 aeronaves em fevereiro e 55 em janeiro.
Conforme esperado, a maior parte das aeronaves entregues fazem parte da família A320neo, que somou 31 aviões, com os demais quatro sendo da família A350. Segundo relatório da Airbus, a China Express recebeu seu primeiro A320neo e a VivaAerobus incorporou a frota o seu primeiro A321neo.
Uma das notícias positivas é que dos quatro A350 entregues, todas foram para as companhias europeias, justamente as mais atingidas pela quarentena e que tiveram quase a total suspensão das operações entre março e meados de junho. Dois aviões foram destinados a Iberia, enquanto a Air France e SAS receberam uma aeronave cada.
Até o dia 30 de junho, a carteira de pedidos firmes da Airbus se mantinha estável, com 7.584 aeronaves encomendadas, sendo 6.108 referentes a família A320, que se destacou durante a crise por manter uma sólida base de pedidos. O gigante A380 manteve em junho os últimos oito pedidos, todos da Emirates. Ainda que seja o prenuncio do fim do avião, a notícia reflete a manutenção do total de encomendas da empresa árabe, que havia cogitado receber apenas os três aviões que já estão em produção, cancelando os outros cinco. Por ora, a carteira se manteve sem alterações. A All Nippon Airways (ANA) ainda confirmou o recebimento do terceiro e último A380 de seu modesto pedido. A empresa japonesa utiliza os dois A380 da frota exclusivamente nos voos para Honolulu, no Havaí, um dos mais populares destinos entre turistas japoneses.
O senão da Airbus foi o desempenho do A220, que é tido como uma das potenciais estrelas do catálogo, mas que teve apenas um avião entregue em junho, destinado a Air Canada. O modelo foi a maior aposta da Airbus no segmento de média capacidade, especialmente voltado para voos regionais. A família A220 compete diretamente com os E-Jet E2 da Embraer, mantendo ligeira vantagem em relação aos brasileiros no total de pedidos firmes.
A última encomenda confirmada da Airbus ocorreu em abril, quando a Avolon, empresa especializada em leasing, adicionou oito A320neo e um A321neo ao seu portfólio, chegando a marca de 240 aviões encomendados, sendo 45 já entregues. A Avolon recentemente desfez um pedido para o 737 MAX, avaliado em mais de US$ 8 bilhões, tornando ainda mais evidente a liderança do A320neo no mercado, mesmo em tempos de pandemia.
A reação do mercado, para novas encomendas, deverá ocorrer apenas em meados de 2021, quando haverá uma maior consolidação do desempenho do setor de aviação regular. A expectativa é que a retomada da demanda por viagens aéreas comece a apresentar uma reação sólida apenas no ano que vem, mas com uma melhora nos números ocorrendo já no último trimestre de 2020.