Aeronave também criou dificuldades para força aérea dos EUA por não cumprir suas principais missões
Por Gabriel Benevides Publicado em 06/02/2020, às 07h00
Boeing registra novas perdas com o programa KC-46 Pegasus e aeronave mantém deficiências graves
A Boeing revelou que perdeu mais de US$ 148 milhões com o programa KC-46A Pegasus após registrar custos de fabricação mais altos que o esperado. A fabricante reportou durante a Securities and Exchange Commission que as perdas antecipadas atuais seguem o prejuízo de US$ 736 milhões no ano passado e se somam também aos US$ 445 milhões e 2018. Segundo relatório, a Boeing já absorveu mais de US$ 3 bilhões em perdas no contrato de preço fixo KC-46.
A Boeing estima receber pelo valor total do contrato, para todas as 179 aeronaves, aproximadamente US$ 30 bilhões. Até o momento, apenas 30 aeronaves foram entregues e a maioria está paralisada por deficiências operacionais.
Projetado para substituir os veteranos reabastecedores KC-135, o novo Pegasus é uma versão derivada do 767, mas que sofreu extensas modificações em seu projeto. Todavia, além dos custos maiores de produção, o avião sofre com má qualidade da montagem e limitações operacionais que obrigaram a força aérea dos Estados Unidos a rever seu uso.
O Departamento de Teste e Avaliação Operacional do Pentágono divulgou detalhes das deficiências da aeronave em seu relatório anual de 2019. O KC-46 ainda apresenta problemas como no sistema de visualização remota (RVS) e rigidez da lança do reabastecimento. Outro grave problema encontrado está relacionado as travas de cargas, que podem levar a um acidente fatal com um possível deslocamento da carga a bordo.
Recentemente o Comando de Mobilidade Aérea aprovou uma correção para a questão as deficiências no sistema de fixação de carga, mas alertou que as outras três deficiências permanecem sem uma solução de curto prazo.
Desenvolvido como um avião-tanque, a maior limitação do KC-46 é justamente em reabastecer outros aviões
Os principais comandantes da USAF continuaram expressando frustração com a forma que a Boeing trabalha para solucionar falhas no RVS. O Chefe de Estado-Maior da força aérea, David Goldfein, escreveu ao novo CEO da Boeing, David Calhoun, para exigir que a empresa se concentre mais no KC-46, pois a força aérea “continua aceitando entregas de um avião-tanque incapaz de cumprir sua principal missão operacional”.
O relatório aponta que os problemas do sistema RVS não possuem uma solução próxima de ser executada, o que seguramente não permitirá que a aeronave esteja totalmente funcional no prazo de três ou quatro anos. O sistema RVS é dotado de câmeras e displays de alta resolução que permitem ao operador da sonda ver o avião que será reabastecido. Ao contrário da solução empregada nos veteranos KC-135 e KC-10, que utilizavam uma ampla janela ventral que dependia da visão do operador, o RVS possibilita realizar missões de reabastecimento em condições adversas e com pouca visibilidade externa.
“A Boeing e a Força Aérea [dos Estados Unidos] estão identificando soluções para corrigir as deficiências”, afirma o relatório. “Até que essas carências sejam resolvidas o KC-46A não será totalmente capaz de missões”.
A expectativa é que a Boeing e seus fornecedores sejam obrigados a redesenhar parte do projeto do RVS, assim como avaliam as possíveis falhas que levaram a deficiência do sistema amplamente testado na campanha de ensaios.