A Iran Air retirou de operação um Airbus A300B4, considerado o avião de passageiros mais antigo ainda em serviço no mundo
Por Marcel Cardoso Publicado em 01/09/2025, às 09h14
A Iran Air retirou de serviço, em junho, o Airbus A300B4, registro EP-IBG, considerado o avião de passageiros mais antigo ainda em operação. O último voo ocorreu na rota Jeddah–Isfahan, encerrando 41 anos de atividade contínua e acumulando quase 72.000 horas de voo e mais de 25 mil ciclos — números que superam o padrão de utilização do modelo.
O EP-IBG realizou seu primeiro voo em 1984 e entrou em serviço comercial em dezembro de 1986. Antes de chegar à frota da Iran Air, em 2009, voou em companhias da Finlândia, Turquia e Reino Unido.
Configurado para 254 passageiros em duas classes (17 na executiva e 237 na econômica), o A300B4 foi empregado sobretudo em rotas de curta e média distância no Oriente Médio e regiões vizinhas, consolidando-se como uma das aeronaves mais representativas da frota da companhia.
A longevidade do EP-IBG foi resultado direto das sanções internacionais que dificultaram a renovação da frota da Iran Air. Para manter o avião em operação, a companhia precisou superar a escassez de peças de reposição com soluções criativas.
“Manter esse avião em operação exigiu esforços técnicos significativos e habilidade das equipes de engenharia”, afirmou um porta-voz da Iran Air.
Esse esforço evidenciou tanto a robustez do projeto original do Airbus A300 quanto os limites práticos de manter aeronaves com mais de quatro décadas de uso.
Lançado no final dos anos 1960, o A300 foi o primeiro widebody bimotor e deu origem ao consórcio Airbus. Seu desenvolvimento foi decisivo para consolidar a criação de um fabricante europeu capaz de fazer frente à Boeing e à McDonnell Douglas.
Com a aposentadoria do EP-IBG, um dos últimos exemplares do modelo B4, confirma a tendência da redução gradual da presença do A300 na aviação comercial, inclusive no mercado cargueiro.
Apesar da aposentadoria, a Iran Air ainda opera diversos Airbus A300-600R, com idade média superior a 32 anos. Caso siga sem acesso ao mercado mundial, a companhia deverá realizar novas retiradas de serviço nos próximos anos, mantendo a dependência de jatos veteranos e ilustrando o impacto contínuo das restrições comerciais sobre sua estratégia de frota.
Mesmo a Rússia evita manter contratos com o Irã, visando não desestabilizar sua relação com países da região, em especial a Arábia Saudita, Emirados Árabes e Israel. Além disso, a indústria russa não tem um modelo comercial apto a atender as necessidades da Iran Air.