Escassez de mão de obra e greves instauraram o caos em aeroportos na Europa
Marcel Cardoso Publicado em 30/06/2022, às 15h50
A alta temporada de verão na Europa está colocando em prova a retomada do setor aéreo, após meses de uma severa crise imposta pela pandemia de covid-19, que forçou milhares de demissões, intervenções estatais e processos de recuperação judicial para que as companhias aéreas pudessem sobreviver.
Neste momento, os maiores aeroportos do velho continente estão enfrentando transtornos com a explosão no movimento de passageiros nos saguões. O número de (re)contratações para suprir a demanda então reprimida não está acompanhando o ritmo e, por isso, centenas de voos estão sendo cancelados e até mesmo o acesso aos terminais está sofrendo restrições.
Em Schiphol (AMS), o principal da Holanda, cerca de 15% de sua capacidade deixará de passar por ali por conta da falta de mão de obra. Isso significa que, no máximo, 70 mil passageiros poderão embarcar por ali. A KLM, que possui o principal centro de operações (hub) no aeroporto, teve de cancelar vários voos por conta desta decisão.
Nos últimos dias, o caos foi agravado por novos fatores. Sindicatos estão tirando proveito e estão promovendo greves entre tripulantes da Easyjet e Ryanair, as maiores empresas low-cost do continente, pleiteando aumentos salariais e melhores condições de trabalho. No próximo fim de semana, os países mais afetados pelas paralisações serão Espanha, França e Itália. No Reino Unido, houve um adendo. Uma greve de ferroviários prejudicou o acesso aos principais terminais, como Heathrow (LHR) e Gatwick (LGW).
Além disso, os conflitos na Ucrânia forçaram mudança de rotas de voos para o sudeste asiático e para países como Austrália e Japão, por conta do fechamento do espaço aéreo da Rússia, como resposta às sanções impostas pelo ocidente. Com os desvios, os custos das viagens aumentam, fazendo com que a operacionalidade seja repensada.
As companhias aéreas estão pessimistas quanto aos problemas. A Lufthansa já admitiu que o setor aéreo está atingindo o limite dos recursos disponíveis e espera começar a ver uma luz no fim do túnel somente a partir do fim do ano.
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), que sempre foi crítica às medidas restritivas de acesso aos aeroportos durante o auge da pandemia de covid-19, que, de certa forma, ajudaram a equilibrar a demanda de passageiros com a oferta disponível de mão de obra para atendê-los, agora defende contratações mais céleres, a simplificação dos processos de integração de novos funcionários e o desenvolvimento de uma proposta mais atraente de retenção de talentos.