Boeing retira Dennis A. Muilenburg do cargo de presidente do conselho

Mudança ocorre em meio à crise do 737 MAX e de imagem do fabricante norte-americano

Por Edmundo Ubiratan | Imagem: Divulgação Publicado em 12/10/2019, às 02h00 - Atualizado às 03h05

Boeing espera que CEO concetre esforços para permitir retomada dos voos com a família 737 MAX

A Boeing anunciou que seu Conselho de Administração separou as funções de presidente e diretor executivo dentro de sua organização. O atual CEO Dennis A. Muilenburg continua no cargo, mas o conselho elegeu David L. Calhoun, atual diretor líder independente, para servir como presidente não executivo.

A partir de agora Muilenburg atuará como CEO e ficará focado em tempo integral na operação da fabricante de aviões, enquanto continua liderando a retomada dos serviços do 737 MAX, proibido de voar desde abril.

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Dennis A. Muilenburg ficará com cargo de CEO

De acordo com comunicado, a separação das funções, que permitirá a Muilenburg ter o “foco máximo na condução das operações diárias”, com objetivo de melhorar a supervisão executiva dos departamentos de engenharia e operações industriais.

 

A Boeing em seu anúncio, que chegou no final da tarde de sexta-feira (11), sem aviso prévio, acrescentou que o conselho mantém total confiança em Muilenburg, que manterá o cargo de CEO e continua fazendo parte do conselho.

Alguns críticos afirmam que Muilenburg passou a focar seus esforços na valorização da Boeing no mercado de capitais, ao invés de manter os esforços em engenharia e produção de aeronaves e soluções aeroespaciais e militares.

A alteração nas funções ocorre seis meses após Muilenburg sofrer a uma moção de acionistas para separar suas funções de presidente e CEO. As críticas ocorrem após a pior crise da Boeing que em menos de uma década assistiu dois de seus aviões serem proibidos de voar, um fato inédito em sua história e na própria indústria aeronáutica, já que nenhum fabricante até hoje teve dois de seus produtos “groundeados”. Além disso, o fabricante perdeu a liderança no segmento de corredor único para a rival Airbus, que ainda adquiriu o programa CSeries da Bombardier, em investimento considerado baixo para o porte do negócio, realocando o avião como um sucesso de vendas em um segmento que a Boeing não atua. No setor militar os atrasos no programa KC-46, que agora somam aos problemas de produção e a proibição de transportar passageiros e cargas por questões de segurança. O avião ainda possui um grave problema no sistema de câmeras utilizadas para reabastecimento, o que compromete a operação especialmente em condições adversas.

"O conselho confia plenamente em Dennis como CEO e acredita que essa divisão do trabalho permitirá o máximo foco na administração dos negócios, com o conselho desempenhando um papel ativo de supervisão”, afirmou David L. Calhoun.

Uma revisão interna realizada em agosto revelou que a Boeing estava trabalhando para reorganizar suas linhas de relatórios de engenharia em todos a sua hierarquia, com objetivo de garantir que altos executivos, incluindo o CEO, recebessem relatórios mais rápidos sobre possíveis preocupações de segurança vistos por níveis inferiores da empresa, em especial da cadeia de produção. “O conselho também planeja, a curto prazo, nomear um novo diretor que tenha profunda experiência e conhecimento em segurança para servir no conselho do recém-criado Comitê de Segurança Aeroespacial”, explicou Calhoun.

A mudança nas funções de Muilenburg e a criação de um conselho de segurança interno, estão entres as decisões mais recentes do conselho de administração e da liderança sênior da Boeing para fortalecer os processos de governança e gerenciamento de segurança do fabricante.

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