Boeing evita julgamento por tragédias do 737 MAX

Boeing firma acordo de US$ 1,1 bilhão com Justiça dos EUA e evita processo criminal por acidentes com o 737 MAX que causaram 346 mortes

Por Marcel Cardoso Publicado em 26/05/2025, às 08h34

Boeing também criará fundo para famílias das vítimas - Divulgação

A Boeing firmou um acordo preliminar com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) para evitar um processo criminal relacionado aos acidentes fatais com o 737 MAX, ocorridos em 2018 e 2019, que deixaram 346 mortos. 

Com o entendimento, o fabricante evita o julgamento previsto para 23 de junho e uma possível condenação que comprometeria contratos com o governo dos EUA. Pelo acordo, a Boeing deverá pagar ou investir mais de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,24 bilhões).

Entre as medidas financeiras, está a criação de um fundo de US$ 444,5 milhões (R$ 2,52 bilhões) para compensação às famílias das vítimas e o pagamento de uma multa de US$ 487,2 milhões (R$ 2,87 bilhões). Deste valor, US$ 243,6 milhões (R$ 1,38 bilhões) serão creditados devido a um acordo de acusação diferida firmado em 2021.

O DoJ disse que o acordo responsabiliza a empresa e garante benefícios imediatos, como a compensação às famílias, evitando as incertezas associadas a um julgamento. Além dos pagamentos, a Boeing será submetida a monitoramento para assegurar o cumprimento de padrões de segurança e regulamentação.

Entretanto, o acordo provocou reações contrárias entre familiares das vítimas, que consideram a medida branda e insuficiente para assegurar a responsabilização da Boeing. Representantes das famílias pretendem contestar o acordo judicialmente. Eles argumentam que a Boeing está evitando uma responsabilização completa pelos acidentes causados por falhas na concepção e operação do sistema MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System) do 737 MAX.

O DoJ deve apresentar até a próxima sexta-feira (30), uma moção para encerrar o caso, após a formalização do acordo, o que pode pôr fim a um litígio que há anos afeta a reputação da Boeing, além de ter gerado prejuízos financeiros significativos, incluindo multas, acordos e perda de receita.

O caso atual decorre do descumprimento, por parte da Boeing, das obrigações de conformidade previstas no acordo de 2021, que previa a suspensão de acusações mediante a adoção de medidas corretivas.

Apesar de o acordo permitir à Boeing seguir em frente, críticas persistem sobre a efetividade das punições aplicadas e a necessidade de fortalecer a responsabilidade corporativa no setor aéreo. 

Boeing 737 MAX acidentes aéreos segurança na aviação Departamento de Justiça dos EUA acordo judicial fundo de compensação julgamento criminal responsabilidade corporativa

Leia também

Boeing recebe pedido para mais seis 737 MAX do Japão
Arajet fecha acordo para mais cinco Boeing 737 MAX