KLM foi acionada judicialmente na Holanda por supostamente mentir sobre a sustentabilidade nos seus voos
Marcel Cardoso Publicado em 25/05/2022, às 08h00
Ambientalistas estão acionando a KLM na Justiça da Holanda por supostamente mentir aos passageiros sobre a sustentabilidade dos voos.
Eles alegam que as campanhas publicitárias e os esquemas de compensação de carbono oferecidos pela companhia aérea violam a legislação europeia do consumidor, dando uma falsa impressão de que as viagens são sustentáveis, bem como o planejamento para combater a crise climática.
O alvo da disputa judicial é a campanha ‘Fly Responsibly’ (Voe com Responsabilidade), que descreve como compromisso da KLM assumir um papel de liderança na criação de um futuro mais sustentável para a aviação e a coloca no caminho certo para reduzir as emissões para zero líquido até meados do século.
"Vamos aos tribunais exigir que a KLM diga a verdade sobre seu produto dependente de combustíveis fósseis. Voar sem controle é uma das maneiras mais rápidas de aquecer o planeta", segundo o ativista da Fossielvrij NL, Hiske Arts, ao canal de notícias de negócios Cnbc.
Em março, uma pesquisa publicada pela Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente (Aisbl) mostrou que o setor aéreo não pode se comprometer com a descarbonização sem reduzir o número de voos. “Os dois pilares dessa abordagem são o fim da expansão aeroportuária na Europa, que tem impulsionado grande parte do crescimento das emissões, e uma redução nas viagens corporativas para 50% dos níveis pré-covid. Essa redução nas viagens de negócios pode reduzir as emissões de CO2 em até 32,6 MtCO2 até 2030, o equivalente a tirar 16 milhões de carros poluentes das ruas”, segundo o relatório.
A Aisbl também acrescentou que “a Europa precisa agir para melhorar a precificação das emissões e acabar com as isenções fiscais ultrajantes da aviação, de modo que a indústria pague o verdadeiro custo de seu impacto climático. As políticas para corrigir as vantagens injustas que a aviação recebe incluem a tributação de combustíveis fósseis, os impostos sobre os bilhetes e a inclusão de todas as emissões de aviação no mercado de carbono da União Europeia”.
"Embora especialistas em clima alertem que precisamos reduzir o tráfego aéreo para manter um mundo justo e viável ao alcance, a KLM e a indústria aérea continuam a se concentrar no crescimento a qualquer custo e fazendo lobby intensivo contra a regulação climática", segundo o advogado da ClientEarth, instituto de caridade de direito ambiental, em nota à imprensa europeia.
Há exatamente um ano, AERO Magazine informou que a Espanha pretende acabar voos de curto alcance em um novo plano ambiental, acabando com as viagens regionais até 2050. Uma das medidas do plano chamado de “Espanha 2050”, visa a criação de uma tarifa de passageiro frequente e outra para proximidade de destino. Na prática haverá uma sobretaxa para evitar o uso de aviões constantemente, especialmente em rotas de curta duração. A intenção é coibir a totalidade dos voos que podem ser feitos de trem em até duas horas e meia.