Entenda a origem histórica do nome do maior show aéreo da Inglaterra e a conexão com cervejas e militares
Para a maioria das pessoas, tattoo é sinônimo de tatuagem, um desenho permanente feito na pele com pigmentos e agulhas. Por isso, pode causar estranheza que o maior show aéreo do Reino Unido se chame Royal International Air Tattoo. O nome, no entanto, está longe de ter relação com arte corporal e remete a uma tradição militar com mais de 300 anos.
No século 17, soldados britânicos em campanhas nos Países Baixos eram chamados de volta aos quartéis ao som de tambores e cornetas. Os oficiais usavam a expressão holandesa “doe den tap toe”, que significa “feche a torneira”, para ordenar aos taverneiros que interrompessem o fornecimento de cerveja aos militares.
O som marcava o fim do período de folga e o início do recolhimento obrigatório dos soldados — ou seja, era o momento em que eles precisavam parar de beber, deixar as tavernas e voltar ao quartel para descansar antes do próximo dia de serviço.
Com o tempo, os britânicos simplificaram a expressão para “taptoe”, eliminando “doe den” por soar redundante. Em seguida, “taptoe” foi naturalmente adaptado à pronúncia inglesa e evoluiu para “tattoo”. Essa mudança fonética ocorreu porque o inglês acomodou a palavra estrangeira aos seus próprios padrões sonoros e ortográficos — um processo similar ao que ocorre no português, onde McDonald’s se popularizou como “Méqui” e WhatsApp se tornou “Zap”.
No vocabulário militar inglês, o termo passou a designar inicialmente o sinal sonoro de recolhimento e, mais tarde, apresentações formais com bandas, desfiles e demonstrações de precisão.
Essa tradição se expandiu e, no século 20, foi incorporada a exibições aéreas militares. Criado em 1971, o Royal International Air Tattoo adotou o termo para reforçar o vínculo com a história e o cerimonial militar. Desde então, o evento reúne forças aéreas de dezenas de países e é considerado o maior show aéreo militar do mundo.
O uso da palavra tattoo nesse contexto ilustra como expressões de um passado distante podem atravessar séculos e adquirir novos significados, preservando a memória das origens militares na cultura contemporânea.
Redação
Publicado em 21/07/2025, às 12h33
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