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Por que alguns Embraer A-29 Super Tucano são produzidos nos EUA?

Entenda por que parte da produção ocorre nos Estados Unidos, atendendo exigências militares e politicas de exportação


Montagem e modificação nos Estados Unidos garantem adequação a requisitos da Força Aérea americana e vendas militares externas - Divulgação
Montagem e modificação nos Estados Unidos garantem adequação a requisitos da Força Aérea americana e vendas militares externas - Divulgação

A Embraer já produziu mais de 260 unidades do avião de ataque leve A-29 Super Tucano em fábricas no Brasil, Portugal e Estados Unidos. Embora a maior parte da produção ocorra em solo brasileiro, parte da montagem é realizada em Jacksonville, na Flórida, com modificações finais feitas em Centennial, no Colorado, pela Sierra Nevada Corporation (SNC).

A fabricação nos EUA atende às exigências da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e de programas de vendas militares externas gerenciados pelo Pentágono. As aeronaves recebem sistemas de armas e sensores norte-americanos, integrados pela SNC no escopo do "Total Package Approach", que inclui produção, treinamento, entrega e suporte logístico ao longo do ciclo de vida.

A-29 Super Tucano
Montagem nos EUA é feita pela Embraer em parceria com a Sierra Nevada Corporation

O A-29 foi o primeiro avião de ataque leve a obter o Certificado de Tipo Militar (MTC) da USAF, atestando sua segurança operacional. Segundo a SNC, essa certificação fortalece a confiança internacional na aeronave. Os modelos montados em Jacksonville são destinados exclusivamente à USAF ou a parceiros externos via programas militares dos EUA. Um dos contratos mais significativos foi com a Força Aérea do Afeganistão, que recebeu 26 unidades entre 2016 e 2018, ao custo de US$ 427 milhões (R$ 2,44 bilhões). Com a queda do governo afegão em 2020, não há informações atualizadas sobre a condição operacional dessas aeronaves.

Nos EUA, o Super Tucano também é operado pelo Comando de Operações Especiais da Força Aérea (Afsoc), responsável por treinamento e assessoramento de forças parceiras. Em 2022, duas das três aeronaves previstas foram entregues ao Afsoc.

O A-29 foi selecionado em 2011 no programa Light Attack/Armed Reconnaissance (LAAR), iniciado em 2009, que previa até cem unidades. Apenas quinze foram adquiridas e o programa foi encerrado oficialmente em 2020.

A exigência de produção local é uma prática comum em contratos militares dos EUA, com o objetivo de garantir transferência tecnológica e gerar empregos. Exemplos semelhantes incluem o helicóptero UH-72 Lakota (baseado no Eurocopter EC145), o T-6 Texan II (derivado do Pilatus PC-9) e o jato T-7A Red Hawk (desenvolvido pela Saab e Boeing).

Desenvolvido a partir do EMB 312 Tucano, o A-29 destaca-se pela robustez e capacidade em missões de ataque leve e contra-insurgência. A aeronave pode operar com armamentos variados, incluindo munições guiadas de precisão, sendo uma alternativa eficaz para países que não demandam caças de alto desempenho.

Atualmente, o Super Tucano está em serviço em 16 forças aéreas e já foi encomendado por 21 países. A frota acumula cerca de 60 mil horas de combate, com mais de 290 unidades vendidas.

Tucano também foi produzido no exterior

Em dezembro de 1983, a Embraer firmou contrato de US$ 181 milhões envolvendo dez aeronaves completas e outras 110 em kits para montagem no exterior. O acordo envolvia Egito e Iraque, e marcou a primeira experiência da empresa brasileira com a montagem de aviões fora do país.

As atividades ocorreram na Heliopolis Air Works, em Helwan, no Egito, como parte de um programa de transferência de tecnologia. O primeiro avião montado localmente foi entregue em 1985. Dos kits fornecidos, 80 unidades foram entregues ao Iraque. Em 1989, houve um pedido adicional de 14 unidades, totalizando 54 Tucanos para a Força Aérea Egípcia.

Outro caso de produção licenciada ocorreu no Reino Unido. Conhecido como EMB-312S ou Short Tucano, o modelo foi fabricado pela Short Brothers, em Belfast, para a Força Aérea Real britânica (RAF). A variante recebeu modificações significativas, como novo motor Garrett TPE331-12B de 1.100 shp com hélice de quatro pás, cabine pressurizada, nova aviônica, canopy em duas peças para resistência a impactos com aves, freio aerodinâmico ventral, alterações aerodinâmicas na asa e opção de armamento. O projeto visava ampliar a vida útil para 12.000 horas.

Por Marcel Cardoso
Publicado em 23/05/2025, às 09h43


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