Gol recebe aprovação da Justiça dos EUA para plano de recuperação judicial sob o Capítulo 11
A Justiça dos Estados Unidos aprovou o plano de reorganização da Gol Linhas Aéreas no processo de recuperação judicial conduzido sob o Capítulo 11 da lei dos Estados Unidos. Com a decisão, a companhia aérea brasileira segue dentro do cronograma para concluir sua reestruturação no início de junho.
Desde o início do processo, a Gol implementou medidas para reforçar sua liquidez, reduzir o endividamento e melhorar o desempenho operacional. Um dos principais avanços foi a obtenção de US$ 1 bilhão (R$ 5,69 bilhões) em financiamento debtor-in-possession (DIP), que viabilizou a recuperação de parte da frota.
A Gol também renegociou pacotes de concessões com arrendadores no valor de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,25 bilhões), eliminando passivos de manutenção e obtendo condições permanentes mais favoráveis em contratos de leasing. Junto a instituições financeiras brasileiras, reestruturou aproximadamente US$ 150 milhões (R$ 853,1 milhões) em debêntures e assegurou acesso a cerca de US$ 340 milhões (R$ 1,93 bilhão) por meio de operações de factoring.
Outro avanço foi o acordo com o grupo Abra e o Comitê de Credores Quirografários, que permitirá a redução de até US$ 1,6 bilhão (R$ 9,1 bilhões) em dívidas financeiras e até US$ 800 milhões (R$ 4,55 bilhões) em outras obrigações. A companhia também firmou acordos com autoridades brasileiras para reduzir cerca de US$ 750 milhões (R$ 4,26 bilhões) em passivos fiscais, com geração adicional de liquidez estimada em US$ 184 milhões (R$ 1,05 bilhão) até 2029.
No setor industrial, a Gol celebrou um novo acordo com a Boeing, que resultará em US$ 262 milhões (R$ 1,49 bilhão) em concessões e liquidez incremental, totalizando mais de US$ 700 milhões (R$ 3,98 bilhões) em benefícios até 2029. Adicionalmente, a companhia garantiu US$ 1,9 bilhão (R$ 10,8 bilhões) em financiamento de saída, destinado à quitação do DIP e à execução do plano de negócios.
Com a conclusão da reestruturação, a Gol projeta manter uma posição de liquidez de aproximadamente US$ 900 milhões (R$ 5,12 bilhões) e reduzir sua alavancagem líquida para 2,9 vezes até o final de 2027. A frota Boeing 737, que passou por reformas em mais de 50 motores em 2024, deve estar totalmente restaurada até o primeiro trimestre de 2026. Estão previstas ainda cinco novas entregas do 737 MAX em 2025.
No primeiro trimestre de 2025, a companhia registrou crescimento de 17,4% no Ebitda recorrente e de 19,4% na receita líquida em relação ao mesmo período do ano anterior, superando as metas do plano estratégico de cinco anos.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 21/05/2025, às 08h38
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