Implementado recentemente, novo códigos de reportes ajudarão pilotos a realizarem pousos e decolagens com mais segurança
A OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) realizou um levantamento onde mostrou que acidentes e incidentes relacionados à segurança de pista representam a maior categoria de riscos na aviação.
Dentre esses eventos, a excursão de pista (runway excursion) é o mais frequente, que é aquela quando uma aeronave ultrapassa os limites laterais ou finais da pista durante operações de pouso ou decolagem.
A OACI e o Regional Aviation Safety Group (RASG-PA) identificam as condições meteorológicas como fatores críticos nesses eventos. Elementos como água, neve, gelo e geada podem contaminar a pista, interferindo diretamente na capacidade de frenagem, aceleração e controle de um avião, uma vez que podem reduzir o atrito entre as borrachas dos pneus e o pavimento.
Essas condições adversas aumentam o potencial de incidentes ou acidentes relacionados à segurança de pista. A conscientização sobre a influência da meteorologia é essencial para aprimorar estratégias de mitigação de riscos na aviação.
Para tanto, as iniciativas conjuntas da OACI e do RASG-PA incentivam de fato a necessidade de monitoramento contínuo das condições de pista e do treinamento de operadores para prevenir ocorrências relacionadas à excursão de pista. Todavia, não apenas monitorar em si, mas também no reporte dessas condições às aeronaves.
A OACI, em parceria com Estados-Membros e representantes da indústria da aviação, desenvolveu a metodologia “Global Reporting Format” (GRF) para avaliar e comunicar condições de superfície de pista aos pilotos. O propósito do GRF é de mitigar riscos de excursões de pista, que, como vimos, são um dos incidentes mais frequentes na aviação.
A nova metodologia permite a transmissão em tempo real padronizada de dados sobre contaminações, como água, neve ou gelo, para as tripulações. Isso garante maior precisão na tomada de decisões durante pousos e decolagens.
Segundo a publicação PANS – Aerodromes da OACI, é responsabilidade do operador aeroportuário avaliar as condições da superfície da pista.
Quando são detectados contaminantes como água, neve, lama, gelo ou geada, é atribuído um Código de Condição de Pista (RwyCC) e elaborada uma descrição detalhada, compondo o Relatório de Condição de Pista (RCR). Esse processo é realizado separadamente para cada terço da pista por avaliadores capacitados.
O Código de Condição de Pista é repassado ao órgão de serviço de tráfego aéreo, que o transmite aos pilotos por meio de mensagens automáticas ATIS. Essas informações auxiliam os pilotos a determinar a performance necessária para as operações de pouso e decolagem com maior segurança.
A metodologia Global Reporting Format (GRF) também determina que os pilotos realizem o Reporte de Ação de Frenagem (RBA) durante as operações. Caso identifiquem discrepâncias entre o Código de Condição de Pista (RwyCC) e as condições observadas de fato no momento do pouso ou decolagem, um novo código pode ser aplicado até que a pista seja reavaliada.
Os dados obtidos por meio dessa metodologia são registrados em uma base específica para permitir análises futuras e confeccionar gráficos a fim de aprimorar a segurança das operações em cada aeródromo.
No Brasil, o projeto piloto do GRF está sendo implementado no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba-PR, com informações de condição de pista divulgadas pela AISWEB, website que é fonte oficial de informações aeronáuticas para tripulantes.
Por Micael Rocha
Publicado em 25/11/2024, às 18h30
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