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Igual bater em um muro a 80km/h

O homem mais rápido da Terra superou os 1.000 km/h

Coronel foi cobaia de uma experiência em um trenó movido a foguetes, provando ser possível sobreviver a ejeções


Trenó impulsionado por foguetes ultrapassou a marca dos 1.000 km/h e desaceleração superou os 40G

A ciência aeroespacial avançava a passos largos após a Segunda Guerra. Na década de 1950, menos de dez anos após o fim do conflito, haviam dezenas de aviões supersônicos e a humanidade se preparava para chegar ao espaço.

Contudo, não haviam muitos estudos sobre os efeitos do voo no corpo humano. As máquinas evoluíam enquanto cientistas buscavam detalhes do comportamento do ser humano em diversos tipos de voo e situações. Entre os estudos estava a capacidade de o corpo resistir a uma ejeção em alta velocidade, através de um assento propelido por foguetes ou uma carga explosiva.

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Feito foi tão espetacular que foi destaque nas principais revistas do mundo, incluindo a prestigiosa Time

Em 10 de dezembro de 1954, o coronel John Paul Stapp, conhecido médico aeroespacial, foi propelido sobre a pista de testes de alta velocidade Holloman, a bordo do trenó foguete 1 batizado de vento sônico, a uma velocidade de 1.017 km/h. O feito extraordinário o fez conquistar o título de 'o homem mais rápido da Terra'.

Embora contasse com muitos voluntários para o teste, o próprio Stapp preferiu realizá-lo, pois não desejava submeter alguém a uma situação potencialmente tão perigosa: “Tenho espírito missionário”, ele declarou na ocasião. “Assumi os riscos para obter informações que serão úteis para sempre, riscos assim valem a pena”.

A velocidade do trenó impulsionado pelos foguetes combinada com a parada quase instantânea de 1,4 segundo submeteu Stapp a um esforço superior a 40 vezes o da gravidade, equivalente ao de colidir com um muro a 80 km/h. As forças que castigaram Stapp lhe causaram hematomas, bolhas e cegueira temporária.

A finalidade deste experimento era a de verificar qual a velocidade limite para a ejeção segura de um piloto. Ele provou que, voando a 35.000 pés, a uma velocidade duas vezes maior do que a do som, um piloto poderia suportar as forças envolvidas se tivesse de ejetar.

As pesquisas de Stapp também originaram novas medidas de segurança observadas hoje, como os cintos de segurança. Ao mostrar o quanto um ser humano pode suportar quando contido por dispositivos de retenção, Stapp tornou-se um defensor dos cintos de segurança, para todos os carros.

Ele também se envolveu em muitos experimentos que usavam bonecos instrumentados para testes de impacto, para verificar como os esforços afetam o corpo humano. Passados mais de 60 anos do recorde, o trenó foguete sobre trilhos ainda é utilizado para testes aeronáuticos, de munições, eletrônicos e aerodinâmicos.

Testes de ejeção representam 14% de todos os realizados com o trenó. As experiências de Stapp permitiram utilizar trenós especiais e o 'manequins' muito parecidos com os bonecos utilizados em testes de impacto, porém, mais avançados, incluindo dispositivos para a medição de forças verticais impostas pelo assento ejetável durante os teste com o trenó.

Redação
Publicado em 25/02/2020, às 07h00


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