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Rainha dos céus

O 747 deixará de ser produzido pela Boeing em 2022

A notícia já esperada confirma fim da era dos quadrimotores e encerra história de 50 anos do modelo


Versão de passageiros do 747-8 obteve apenas 49 pedidos em mais de uma década

O que muitos entusiastas e pilotos temiam foi confirmado pela Boeing hoje (29), que em carta aberta aos funcionários informou que vai encerrar a produção do 747 em 2022. A notícia era esperada pelo setor, visto a baixa carteira de pedidos existente e a falta de interesse do mercado em aeronaves quadrimotoras.

Com a pandemia, além da drástica queda na demanda global de passageiros, o setor aeroespacial ainda assistiu uma forte retração nos pedidos de aeronaves, somado a aposentadoria antecipada de centenas de aviões nos últimos três meses.

Os principais afetados pela nova realidade imposta ao setor aéreo foram justamente os aviões com quatro motores, especialmente o 747-400, que embora estivesse em processo de aposentadoria na maioria das empresas aéreas, teve sua carreira abreviada este ano.

De acordo com a Boeing a decisão para encerrar a produção do 747-8, a única disponível no mercado, ocorreu dada a dinâmica e nas perspectivas do mercado atual. Ainda que o 747-8F, a versão cargueira de maior capacidade da família 747, tenha tido relativo sucesso de vendas, a demanda pelo modelo estagnou nos últimos anos.

A Boeing chegou a cogitar em junho de 2020 extender por mais alguns anos a produção do 747, na expectativa de uma retomada do mercado. Porém, o fabricante registrou pesadas perdas nos últimos meses, inviabilizando a manutenção da linha de montagem.

Para se ter uma ideia mais profunda, a Boeing teve perdas na casa dos US$2 bilhões somente no segundo trimestre de 2020 e assiste uma vertiginosa diminuição na produção das suas aeronaves, especialmente os modelos de grande capacidade, como os 777-300ER e a família 787.

"A realidade é que o impacto da pandemia no setor de aviação continua grave", escreveu Dave Calhoun, executivo-chefe da Boeing, em uma carta aberta aos funcionários. "Essa pressão sobre nossos clientes significa que eles estão atrasando as compras de aviões, diminuindo as entregas, aposentando aeronaves mais antigas e reduzindo os gastos – tudo isso afeta nossos negócios e, finalmente, nossos resultados".

Com a última aeronave produzida planejada para 2022, a Boeing encerrará uma história de 54 anos quando a o 747-100 foi apresentado pela primeira vez em 1968, na fábrica de Everett, nos Estados Unidos.

O primeiro voo comercial foi realizado em 1970, nas cores da então gigante Pan American World Airways, iniciando uma carreira de sucesso na aviação. O Boeing 747 foi por várias décadas motivo de orgulho para a Boeing e para as empresas aéreas que o tiveram em suas frotas.

O eterno Jumbo foi desenvolvido com objetivo de dobrar a capacidade de passageiros existente na época com o 707. Ao longo de quase quatro décadas (37 anos, para ser exato) o 747 deteve a marca de aeronave com maior capacidade de passageiros, que foi conquistada em 1970 e ultrapassada apenas em 2007, quando a Airbus entregou o primeiro A380.
O atual 747-8 ainda manteve o destaque por sua elevada capacidade, podendo transportar até 660 passageiros dependendo da configuração.

Apesar da Boeing ter desenvolvido o 747-8 como a versão de capacidade ampliada, que recebeu uma série de melhorias em relação ao 747-400, o modelo conseguiu vender 145 unidades, sendo apenas 49 de passageiros, incluindo oito aviões destinados ao transporte VIP ou de autoridades, inclusive sendo dois destinados ao Presidente dos Estados Unidos.

A baixa demanda não foi suficiente para manter a produção do icônico quadrimotor em produção, encerrando a produção de uma das aeronaves mais importantes para a história da aviação.

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Por Gabriel Benevides
Publicado em 29/07/2020, às 12h00 - Atualizado às 14h33


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