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Investimentos olímpicos

Obras nos aeroportos que servem Londres, sede dos jogos de 2012, entram na reta final, mas prosseguem após o encerramento da maior celebração mundial do esporte


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Aeroporto Internacional de Heathrow será anfitrião do evento

À medida que os Jogos Olímpicos se aproximam, os ingleses aceleram para acertar os últimos ajustes na reestruturação de sua rede de transportes, agora na última etapa, para receber milhares de turistas e atletas em 2012. Londres quer proporcionar ampla facilidade de acesso aos visitantes e extinguir qualquer resquício de deficiência até lá. A preocupação se estende para além da capital britânica, sede dos jogos. Também inclui os aeroportos das principais vias de entrada do país e a malha ferroviária britânica.

A escolha da capital do país como sede dos jogos não foi o único motivo para que as autoridades inglesas decidissem recuperar os terminais mais antigos e construir novos edifícios de embarque. O crescimento do número de passageiros - combinado a novas demandas - deu a largada para o processo de revitalização nos aeroportos, já há algum tempo. A chegada de aviões maiores - no caso, os superjumbos A380, da Airbus - e a exigência dos usuários por melhorias nas instalações também tiveram papel preponderante no contexto que levou a BAA (British Airport Authority), empresa de capital privado que administra os aeroportos de Heathrow e Stansted, na Grande Londres, a investir pesado na modernização e ampliação dos seus terminais.

No fim das contas, os dados positivos sobre os investimentos destinados à infraestrutura, no setor aeroportuário, elevaram Londres no conceito da comissão julgadora que a elegeu e o Aeroporto Internacional de Heathrow foi nomeado "aeroporto anfitrião" dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012.

Investimentos destinados à infraestrutura, no setor aeroportuário, elevaram Londres no conceito da comissão julgadora

Bicicletas e canoas a bordo
Entre janeiro e setembro de 2011, o aeroporto internacional londrino atendeu a 52,6 milhões de passageiros. O número representa um crescimento de 6,1% sobre o período anterior, que tende a aumentar progressivamente, de acordo com as estatísticas de tráfego e passageiros no Reino Unido. "Se a Europa passar por mais um período de recessão, os números certamente serão outros, mas acreditamos ainda no crescimento gerado pelas Olimpíadas", avalia Colin Matthews, chefe-executivo da BAA.

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Heathrow receberá pelo menos 80% de visitantes extras, entre atletas, membros de comissões técnicas, jornalistas e expectadores

Estima-se que Heathrow receberá pelo menos 80% de visitantes extras, entre atletas, membros de comissões técnicas, jornalistas e expectadores. A BAA calcula que o dia mais movimentado será o seguinte ao da festa de encerramento. Em contrapartida à média de 160 mil unidades de bagagem, a administração espera trabalhar com 218 mil peças, das quais 15% correspondem a equipamentos esportivos, como bicicletas, dardos e canoas, que requerem mais cuidado no manuseio. "Isso também justifica a necessidade de uma infraestrutura de alta qualidade, muitos balcões de check-in, esteiras funcionando com toda a capacidade e, principalmente, funcionários bem treinados para manusear todo esse equipamento", ressalta Matthews. "Além, é claro, de transmitir simpatia aos nossos visitantes", completa o executivo. Ele informa que, em 2012, Heathrow terá, ainda, a colaboração de pelo menos 1.000 voluntários das comunidades vizinhas.

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Restruturação da malha ferroviária; abaixo, terminais eletrônicos de check-in; e, no rodapé, esteiras de bagagem também recebem melhorias
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Integração com malha ferroviária
Diferente do Brasil, onde inexistem linhas de trem com acesso a aeroportos, a Inglaterra oferece uma ampla rede ferroviária que cobre todo o país. O Aeroporto Internacional de Heathrow, a 24 quilômetros do centro de Londres, conta com serviço regular de composições de alta velocidade para a estação de Paddington e com metrô para diversos pontos estratégicos, incluindo as estações em South Kensington e Piccadilly Circus, na região central da cidade.

Os passageiros fazem a conexão entre os cinco terminais de Heathrow também por via férrea e se deslocam facilmente de um lado a outro do aeroporto graças a dezenas de placas informativas e de painéis digitais estrategicamente instalados ao longo dos terminais.

Mesmo com o encerramento dos Jogos Olímpicos de 2012, os investimentos em melhorias e ampliações devem continuar. As autoridades preveem a aplicação de mais £ 1 bilhão ao ano, nos próximos cinco anos. Só no sistema de esteiras de bagagem, que deve se tornar a maior do mundo, a BAA investirá £ 900 milhões. No terminal 1, a administração aplicou £ 60 milhões para ampliar as áreas de restituição de bagagem, imigração e alfândega. O terminal 2, em operação há 60 anos, foi demolido para dar lugar a um moderno edifício destinado às companhias da Star Alliance. Terá capacidade para atender a 30 milhões de passageiros ao ano. O terminal 3, que movimenta 18,9 milhões de usuários ao ano, recebeu um investimento de £ 106 milhões e ganhou nova configuração de pontes de embarque - algumas para aeronaves Airbus A380 -, novos quiosques de autoatendimento e mais espaço no setor de desembarque.

O terminal 4, por sua vez, que atendia a voos da British Airways antes da inauguração do moderno terminal 5, também foi revitalizado, com investimentos da ordem de £ 100 milhões. Ele ganhou nova decoração nas áreas interna e externa, novo sistema de iluminação e mais espaço na ala de check-in. O estacionamento de veículos que serve ao terminal da British Airways oferece 3.800 vagas. Isto é, 100 vagas a mais que o único estacionamento existente no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

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No terminal 5, inaugurado em 2008 pela rainha Elizabeth II, operam a British Airways e empresas da aliança OneWorld. O grande edifício principal de embarque interliga-se subterraneamente a dois prédios-satélites via APM (Automated People Mover). O edifício anexo mais recente começou a operar em junho, com pontes de embarque dedicadas aos Airbus A380, o que concedeu ao T5 a capacidade para movimentar até 30 milhões de passageiros ao ano.

Heathrow opera duas pistas paralelas com separação ideal para pousos e decolagens simultâneos. O serviço de controle de tráfego aéreo costuma reservar uma das pistas somente para pousos e, a outra, para decolagens - durante o dia, inverte-se a ordem. Recentemente, a BAA adquiriu terrenos no entorno do aeroporto para realizar o projeto de construção de uma terceira pista paralela, mas o trabalho está suspenso por tempo indeterminado, em decorrência de protesto da população local contra as obras.

O EXEMPLO CANADENSE

Sede dos Jogos de Inverno de 2010, Vancouver continua investindo na ampliação de seu aeroporto, que atendeu 231 mil passageiros adicionais durante o evento

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Assim como Londres, a cidade de Vancouver, no Canadá, recebeu investimentos vultosos para a revitalização de terminais e a ampliação das áreas de embarque e desembarque no aeroporto internacional. A província da Columbia Britânica foi sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2010, mas a injeção de divisas em infraestrutura faz parte de um plano diretor que prevê obras de melhorias até 2027.

Com o objetivo de readequar as instalações ao aumento da demanda, a administração aeroportuária da VAA (Vancouver Airport Authority) comandou um verdadeiro esforço de guerra. Investiu também pesado em serviços de informação e atendimento, especialmente durante o período de realização dos jogos, entre os dias 12 e 28 de fevereiro, para que nenhum visitante ficasse desamparado. Para cumprir a meta, instalou ao longo do aeroporto 39 quiosques de serviço telefônico, com instruções em 170 línguas diferentes, além de equipes treinadas para atender visitantes que necessitavam de suporte mais urgente. Para isso, a administração da VAA disponibilizou 5.500 funcionários para a linha de frente. O aeroporto completou recentemente obras com investimento de 1,4 bilhão de dólares canadenses, que incluíram a expansão do terminal internacional com a instalação de quatro novas pontes de embarque - duas dedicadas aos jatos A380. Também concluiu a reforma do Píer "C", do terminal doméstico, e a construção de uma plataforma para atender à Canada Line, uma das linhas de trens expressos do metrô, expandida em 2009 até o aeroporto, com paradas em Richmond e no centro de Vancouver. A obra tem investimentos governamentais e da administração da Vancouver Airport Authority, que contribuiu com 300 milhões de dólares canadenses.

A recepção de Vancouver recebeu elogios durante os 17 dias de jogos. O aeroporto atendeu pelo menos 231 mil passageiros adicionais, entre eles, 12.500 profissionais de mídia e 6.850 atletas.

Em um único dia, após o encerramento do evento, aproximadamente 39 mil pessoas deixaram Vancouver e despacharam mais de 77 mil peças de bagagem. Até aquela data, o dia de maior movimento havia sido registrado em agosto de 2008, com embarque de 26 mil passageiros e 29.200 itens despachados. Para atender a esse acréscimo na demanda, o aeroporto mobilizou agentes para as vilas olímpicas com o intuito de adiantar o check-in dos atletas, que podiam despachar sua bagagem antes de seguir para o aeroporto, a qualquer hora do dia.

Os pousos e decolagens também aconteceram em grande frequência, com um aumento na ordem de 300 a 400 voos, especialmente da aviação executiva. Por esse motivo, o aeroporto estabeleceu a operação de slots em caráter extra-oficial. Vale ressaltar que Vancouver é atualmente o segundo aeroporto mais movimentado no Canadá e hub estratégico para a liberação de voos transoceânicos que tenham como destino países da Ásia e Oceania, por sua localização a oeste do país, na costa do Oceano Pacífico. Em 2010, recebeu 16,8 milhões de passageiros e um movimento total de 293 mil aeronaves. O aeroporto atende atualmente 68 linhas aéreas, com ligações para 121 destinos no Canadá e no exterior, mas não opera voos diretos para o Brasil. A média anual é de apenas 23 mil brasileiros, com partida ou destino final a cidade de São Paulo.

Robert Zwerdling | | Fotos Divulgação
Publicado em 08/12/2011, às 16h14 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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