Pela primeira vez em 16 anos, trabalhadores da Boeing entraram em greve
Depois de sucessivas rejeições de novos contratos trabalhistas, funcionários da fábrica da Boeing, nos Estados Unidos, entraram em greve, nesta sexta-feira (13), interrompendo a produção de aeronaves.
Os trabalhadores da região de Seattle e do Oregon votaram 94,6% contra um acordo provisório apresentado pelo fabricante e pela Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais. A votação mostrou 96% de apoio à greve, superando os dois terços necessários para a paralisação.
A proposta provisória incluía aumentos salariais de 25% ao longo de quatro anos e melhorias nos benefícios de saúde e aposentadoria. No entanto, o sindicato buscava um aumento de cerca de 40%, alegando que a proposta não cobria o aumento do custo de vida.
Brian West, CFO da Boeing, disse em uma conferência de investidores que a liderança da empresa estava desapontada com a rejeição e a greve, mas expressou a intenção de "voltar à mesa para negociar um novo acordo que seja bom para nossos funcionários, suas famílias, nossa comunidade". Ele mencionou que "houve um descompasso" e alertou que a greve poderia afetar as entregas e a produção de aeronaves, sem fornecer estimativas específicas sobre o impacto financeiro.
A votação também um revés para o novo CEO Kelly Ortberg, que pediu aos trabalhadores que aceitassem o contrato para não comprometer a recuperação da empresa.
A Boeing já dispendiou cerca de US$ 8 bilhões (R$ 44,5 bilhões) este ano e enfrenta uma dívida que está em alta. Atrasos na entrega de aeronaves têm gerado insatisfação entre companhias aérea, como a Southwest Airlines, que ajustou seus planos de entrega para o ano devido a esses problemas.
Uma explosão de um plugue de porta em um 737 MAX 9, no início do ano, trouxe mais fiscalização das linhas de produção por parte do governo. A agência federal de aviação dos Estados Unidos (FAA) afirmou que sua "supervisão agressiva da Boeing continua" e que seus inspetores permanecerão nas fábricas durante a greve.
Por Marcel Cardoso
Publicado em 13/09/2024, às 21h26