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Labace 2019

A evolução do plano de voo

Internet e aplicativos praticamente aboliram o formulário amarelo das salas AIS


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O Brasil tem um fluxo de cerca de 8.500 voos diários, que gera milhares de mensagens processadas nos centros de controle de tráfego aéreo do país. Até pouco tempo atrás, os planos de voo eram preenchidos exclusivamente pelos pilotos no balcão de uma sala AIS (Aeronautical Information Service), utilizando o tradicional formulário amarelo (IEPV 100-20). Com exceção dos planos repetitivos, utilizados pelas companhias aéreas, tudo era feito na presença de um técnico em informações.

Nos últimos anos, o Sistema de Informações Aeronáuticas vem passando por grandes alterações. Atualmente, seu modelo operacional não está estabelecido apenas com salas AIS tradicionais, mas também por com 33 salas de autoatendimento, quatro salas automatizadas e seis centros de informações aeronáuticas (CAIS).

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SOLUÇÕES E PROBLEMAS

Com o advento da internet e depois dos aplicativos, o congestionamento para se fazer um plano de voo praticamente acabou. No passado, ligar para uma sala AIS na véspera de um feriado era quase impossível, a linha estava sempre ocupada. Apesar do prazo de 120 horas de antecedência para se fazer o plano de voo, era comum os operadores se recusarem a emitir o documento para o dia seguinte porque precisavam priorizar as aeronaves que decolariam dali a poucas horas.

Alguns problemas crônicos de padronização de atendimento continuam, com interpretações diferentes das normas conforme o funcionário a analisar o plano de voo (sobretudo quando um é da Infraero e outro do Decea, dizem os pilotos), ou mesmo recusas por problemas nos bancos de dados do sistema – como a falta de um aeródromo alternativo. Isso vale particularmente para a aviação geral. Quem voa muito sabe que ter um plano de voo aprovado nem sempre é uma tarefa simples.  

ANTES E DEPOIS

Até então, todo plano de voo era recebido a partir de uma sala AIS, aprovado de maneira preliminar pelo operador local e enviado a uma sala do ACC (Centro de Controle de Área) chamada PLN (plano de voo). Esse setor fazia a verificação e autorizava o voo efetivamente. Nos dias atuais, os velhos telex estão aposentados, assim como os primeiros computadores que os sucederam. Também a forma desse plano chegar à sala PLN do ACC está diferente.

Em 2005, surgiu o Sistema Automatizado de Sala AIS (SAIS), que foi efetivamente o primeiro programa criado para tornar automático o processo de recebimento e transmissão dos planos de voo. A possibilidade de algumas localidades receberem o plano por telefone também foi um marco importante nesse processo. Em pouco tempo, o número de planos apresentados por telefone superou o de planos preenchidos via formulário.

  • Salas com autoatendimento

A principal diferença entre esta sala e a AIS tradicional, evidentemente, é que no autoatendimento não há profissionais para atender ao aeronavegante. A consulta às informações aeronáuticas, o preenchimento e envio do plano de voo são feitos via sistema, por meio de um terminal de computador instalado no ambiente da sala AIS. Atualmente, são 33 em todo o país e este número tende a aumentar muito nos próximos anos.

  • Salas automatizadas

Embora automatizada, há pessoal nessa modalidade de sala. Os profissionais recebem os planos de voo tanto por telefone e aplicativo (maioria) como pelo formulário IEPV 100-20. Localizadas nos aeroportos de Guarulhos, Campinas, Belo Horizonte e Confins, possuem uma área de abrangência menor, basicamente atendendo ao processamento de planos de voo de suas localidades e utilizam Sistema Integrado de Gestão de Movimentos Aéreo (Sigma).

  • Centros de Informações Aeronáuticas (CAIS)

Semelhantes às salas automatizadas, diferem-se por atenderem a uma quantidade muito maior de localidades, processando, portanto, um volume significativamente maior de planos de voo. Atualmente, são seis os CAIS no Brasil, sediados em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Manaus.

SISTEMA SIGMA

Lançado em maio de 2016 pelo Decea via internet (no portal AISWEB), o Sigma permitiu aos pilotos pela primeira vez preencher eletronicamente os seus planos de voo, diminuindo bastante eventuais erros de preenchimento, uma vez que o próprio sistema conduz o processo, oferecendo as opções de reposta para cada item do formulário. Ao final, o piloto pode validar os dados apresentados antes de enviar sua solicitação.

FPL BR

Apresentado em 2017 para elaboração, validação, envio e atualização dos dados do plano de voo pela internet, disponível nos sistemas IOS e Android. A interface disponibiliza a consulta de plano de voo completo (PVC) e simplificado (PVS), além de mensagens de atualização relacionadas à modificação (CHG), cancelamento (CNL) e atraso (DLA), além de consulta de dados de meteorologia, aeródromos, definição do nascer e pôr do sol.

Outra funcionalidade é o recebimento de notificações sobre a aprovação ou reprovação das mensagens enviadas. Possibilita ao usuário, também, fazer solicitação de cadastro no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), gerenciar os dados pessoais, além de permitir uma integração com outros órgãos fiscalizadores, como a Anac, a Infraero e a Assessoria para Assuntos de Tarifas de Navegação Aérea (Atan).

CAIS-Rio

A grande mudança sistêmica aconteceu em janeiro de 2017 quando a sala AIS do Galeão, até então com 13 operadores, ampliou sua capacidade de processamento de 6.500 para 49 mil mensagens por mês com 33 profissionais, sempre nos três turnos 24/7. O objetivo foi criar uma central de atendimento que continuaria recebendo os planos de voo por telefone, agora concentrando as mensagens advindas de outras salas AIS de sua zona servida. A estratégia foi trabalhar com os períodos de ociosidade de cada um dos aeródromos, concentrando-os num único local.

Em média, um operador do CAIS Rio de Janeiro processa um plano de voo em apenas 70 segundos, o que significa cerca de 20% do tempo que levava antes da implantação dos centros e das salas AIS automatizadas.

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Por Marcelo Migueres
Publicado em 09/08/2019, às 15h00 - Atualizado às 15h45


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