Superjumbo de dois andares da Emirates começa a operar com regularidade para o Brasil no fim deste mês de março
A autoridade aeronáutica de Omã acaba de confirmar um acidente, no inicio do ano, envolvendo um A380 da Emirates Airline e um Challenger 604, que protagonizaram um dos mais temidos encontros da aviação. O caso ocorreu quando o jato de negócios que voava a 630 nm a sudeste de Omã e 820 nm a noroeste de Male, nas Maldivas passou a 1.000 pés abaixo do A380, que estava a 35.000 pés.
O Challenger cruzou exatamente em um dos pontos mais violentos da esteira de turbulência deixada pelo A380. Após o encontro com a forte esteira deixada pelo gigante da Airbus, o jato de negócios perdeu o controle, mergulhando por mais de 10.000 pés até que os pilotos retomassem o controle da aeronave. Os severos esforços estruturais (determinados pelas forças g) causaram graves avarias no avião, que declarou emergência e pousou em Muscat, em Omã. Dos dez ocupantes do Challenger 604, oito sofreram ferimentos, sendo que um ficou em estado grave. Já a aeronave sofreu avarias consideradas irreparáveis.
O A380 da Emirates começa a voar para o Brasil a partir do próximo dia 26 de março, cumprindo a rota Dubai-São Paulo. Será a estreia das operações regulares do gigante de dois andares para a América do Sul. Segundo pilotos da aviação de negócios, já existe uma discussão com autoridades brasileiras sobre um eventual (e pouco provável) aumento da separação vertical em relação ao superjumbo para 2.000 pés.
Embora seja um evento raro, o encontro de uma aeronave com a esteira de turbulência é uma situação de extremo risco e com potencial para causar um acidente fatal. No caso do Challenger 604, a aeronave voava dentro das regras do espaço aéreo, 1.000 pés abaixo do A380, mas numa rota oposta. O gigante da Airbus voava entre Dubai e Sydney, na Austrália, enquanto o jato de negócios voava de Male, nas Maldivas, para Abu Dhabi. O cruzamento ocorreu entre 1 e 2 minutos após o A380 passar pela região - se acontecesse dois minutos depois, o acidente não teria ocorrido. O Challenger encontrou uma forte esteira de turbulência, fazendo com que os pilotos perdessem o controle. A aeronave teria girado em torno do próprio eixo por até cinco vezes, segundo relatos divulgados pela imprensa internacional, antes de iniciar um mergulho em direção ao Mar da Arábia.
A esteira de turbulência é uma perturbação no ar deixada por um aeronave que gera um vortex, resultante do fluxo de ar e arrasto criados por seu deslocamento, que se move para trás e para baixo da aeronave. A esteira de turbulência é indicada em toda aeronave por seu porte, demonstrando o quão violenta e perigosa pode ser. A aviação adota três categorias para designar essa esteira, leve a média e a pesada.
Essa categoria é baseada principalmente no peso da aeronave, mas inclui ainda a sua velocidade, formato da asa, flaps, entre outros itens. O fenômeno ocorre também entre helicópteros, tanto no sentido horizontal como no vertical.
As autoridades classificam as aeronaves conforme sua esteira de turbulência, calculada com base no peso máximo de decolagem.
Pesado (HEAVY)
Aeronaves com peso máximo de decolagem acima de 136.000 kg;
Médio (MEDIUM)
Aeronaves com peso máximo de decolagem inferior a 136.000 kg e superior a 7.000Kg;
Leve (LIGHT)
Aeronaves com peso máximo de decolagem de 7.000 kg.
Existe ainda uma categoria especial para o Airbus A380, conhecida como Super, que é considerada acima da categoria pesado por conta do enorme vórtice gerado. Da mesma forma, embora o Boeing 757 tenha peso para estar na categoria média, as autoridades o classificam como pesado por sua esteira de turbulência.
Veja a separação mínima entre tais aeronaves ocorre especialmente na fase de pouso e decolagem.
Pouso
Médio atrás de Pesado – 2 minutos
Leve atrás de Pesado – 3 minutos
Leve atrás de Médio – 3 minutos
Médio atrás de Super – 3 minutos
Leve atrás de Super – 4 minutos
Durante a decolagem
Médio atrás de Pesado – 2 minutos
Leveatrás de Pesado – 2 minutos
Leve atrás de Médio – 2 minutos
Médio atrás de Super – 3 minutos
Leve atrás de Super – 3 minutos
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 13/03/2017, às 08h00 - Atualizado às 16h12
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