Depois de permanecer 500 dias longe da Terra, Scott Kelly apresentou mudanças importantes em 7% de seus genes
Na foto Mark Kelly (esquerda) e Scott Kelly
Ninguém contesta que – ao menos por enquanto – as viagens espaciais são perigosas por uma série de motivos óbvios. Mesmo quando tudo ocorre perfeitamente bem, um período de permanência no espaço possui o potencial de alterar o próprio DNA do astronauta.
A constatação parece absurda, mas foi justamente a conclusão de um longo estudo realizado pela Nasa. A agência espacial norte-americana usou o astronauta Scott Kelly e seu irmão gêmeo Mark como cobaias para verificar como a vida no espaço pode afetar as mais básicas estruturas da vida.
Após passar mais de 500 dias no espaço, Kelly sendo 342 dias ininterruptos confinados na Estação Espacial Internacional (ISS), o astronauta está entre os que mais tempo permaneceu fora da atmosfera terrestre. Seu irmão Mark, um astronauta aposentado é seu gêmeo idêntico e, portanto, portador do mesmo DNA.
O fato ofereceu uma oportunidade única de a Nasa estudar o impacto das viagens espaciais e longas permanências no espaço no DNA. De acordo com a agência espacial, os telomeres (extremidades dos cromossomos que encurtam com a idade) ficaram mais longos no espaço. A maioria destes telomeres encurtou em cerca de dois dias após o retorno de Scott. Aproximadamente 7% dos genes de Scott apresentou mudanças significativas quando comparados a de Mark.
O chamado Estudo dos Gêmeos foi um passo preliminar para uma missão de longa duração à Marte. A Nasa, assim como diversas agências espaciais, possui alguns planos não definidos para uma missão de longa duração, onde o elemento humano não pode ser esquecido. A expectativa é que uma missão à Marte terá duração mínima de três anos. O que colocaria os astronautas da missão como os humanos que mais que por mais tempo ficaram fora da Terra.
Atualmente mais de 200 pesquisadores estão analisando os vários resultados dos testes dos irmãos, buscando os principais efeitos das mudanças induzidas pelo espaço no metabolismo, e outros processos fisiológicos de Scott. A Nasa publicará as conclusões abrangentes desses testes em um único estudo ainda este ano. Entre as perguntas fundamentais do projeto é como o corpo humano resistirá a uma jornada tão longa.
Talvez a espera para as respostas não seja tão longa, já que o plano atual da Nasa contempla enviar a primeira missão até 2030.
Por Ernesto Klotzel
Publicado em 13/03/2018, às 15h41 - Atualizado às 21h07
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