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Avião com vacinas de covid-19 quase bateu no ar em um 737 da Gol

Falha na navegação de um Grand Caravan do governo do Paraná colocou a aeronave em rota de colisão com o Boeing


Separação vertical entre os dois aviões foi de aproximadamente 358 metros

Na tarde de ontem (19) um Cessna Grand Caravan que transportava vacina e um Boeing 737 estiveram apenas 25 segundos de uma potencial colisão em pleno ar. O incidente grave ocorreu próximo ao aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitba.

O 737-800 da Gol (PR-GUC) que realizava o voo G31212, procedente de Guarulhos, estava realizando o procedimento para pouso em Curitiba quando um Grand Caravan, do governo do Paraná, se aproximou perigosamente.

Oficialmente o piloto automático do Grand Caravan realizou uma curva fora dos padrões, praticamente ingressando o turbo-hélice na rampa de aproximação final do aeroporto curitibano. A separação vertical entre os dois aviões foi de aproximadamente 358 metros (1.175 pés), enquanto o Boeing descia e o Cessna subia. No momento do incidente, a aeronave do Governo do Estado do Paraná realizava um voo para Londrina, para distribuição de doses de vacinas contra covid-19.

Segundo dados do site FlightRadar24, o Boeing 737-800 que realizava a aproximação para pouso mantendo uma altitude de aproximadamente 5.050 pés (1.540 metros), enquanto o Caravan, com callsign ‘Resgate 03’, que havia decolado um minuto antes, curvou à direita ao atingir 3.875 pés (1.180 metros), entrando em rota de colisão com o voo da Gol.

Ao perceber a situação, o controle de tráfego aéreo ordenou que o Boeing realizasse imediatamente um procedimento de arremetida com curva para a direita, evitando assim o risco de colisão.

Vídeos e áudios, que estão circulando nas redes sociais, mostram o momento da aproximação entre as duas aeronaves, incluindo o contato do controle com o 737 ordenando a arremetida imediata. Os pilotos seguiram também a mesma ordem dada pelo TCAS (equipamento de alerta que evita colisão entre aeronaves) para subir imediatamente. Ainda que o Caravan não conte com o dispositivo, a simples iminência de colisão detectada pelo TCAS acionou o sistema.

O incidente será investigado pelo Cenipa e poderia ter tido um final trágico caso o Caravan estivesse com o transponder desligado ou inoperante. O órgão irá averiguar qual a causa do piloto do Resgate 03 ter realizado um procedimento de saída errado.

Em nota, o Governo do Paraná disse que uma falha no piloto-automático foi o responsável pelo erro de navegação.

Leia a nota na íntegra:

"Segundo relato do comandante da aeronave prefixo PP-MMS, após todos os procedimentos técnicos de decolagem, o piloto automático, devidamente acoplado, apresentou uma atitude inesperada, curvando à direita. Diante disso, a tripulação tomou os procedimentos técnicos necessários, porém este não respondeu de imediato, e que logo após foi obtida a informação de tráfego.Nesse momento, foi desacoplado o piloto automático e retomado o procedimento de decolagem sem o auxílio do equipamento.

Ressaltamos que não houve um acidente, mas um incidente, o qual foi devidamente reportado às autoridades aeronáuticas. Dentro da dinâmica da aviação, foram tomadas as medidas técnicas mitigadoras para manter a segurança de voo. Isso significa que a tripulação estava atenta e segura em seus procedimentos. Após a Casa Militar tomar conhecimento do fato, determinou que a aeronave permanecesse em solo, até a intervenção de manutenção. Nesse tocante, destacamos que todas as aeronaves sob responsabilidade do órgão estão com suas manutenções em dia. Em relação ao incidente, sem prejuízo da apuração aeronáutica, a Casa Militar irá realizar uma averiguação interna do ocorrido".

Por Gabriel Benevides
Publicado em 20/01/2021, às 16h00 - Atualizado em 21/01/2021, às 14h45


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