Defesa de acusado de derrubar um Boeing 747 da Pan Am afirma que houve erros no processo
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 15/01/2021, às 15h00 - Atualizado às 15h19
Destroços do 747-100 da Pan Am foram reconstruídos em Farnborough durante as investigações
A justiça da Escócia rejeitou um recurso póstumo apresentado pela família do terrorista líbio Abdelbaset Mohamet Ali Al-Megrahi, acusado e condenado pelo atentado conta voo 103 da Pan Am, que deixou 270 mortos, em dezembro de 1988.
A defesa da família de Al-Megrahi alega que houveram falhas no processo de condenação, incluindo o fato dos promotores não terem divulgado certos documentos específicos para a defesa, como declarações e relatórios policiais.
Os advogados da família ainda afirmam que a identificação de Al-Megrahi como mentor do ataque foi falha. Na visão da defesa não havia como o lojista se recordar de um rosto em meio a tantos que passam pelo comércio. Na época um atendente reconheceu Al-Megrahi como o comprador das roupas, da mala e do tocador de fitas k7, que foram despachados no 747 da Pan Am. A defesa afirma que o lojista foi influenciado por uma recompensa em dinheiro. Porém, não existe evidencias que algum tipo de compensação financeira tenha sido paga.
Um explosivo plástico foi montado em um walkman, que detonou por cronometro quando o avião, que fazia a rota Londres – Nova York, sobrevoava a pequena cidade de Lockerbie, na Escócia. A bordo do Jumbo estavam 259 pessoas, enquanto outras onze morreram no solo após terem sido atingidas por destroços.
Ainda que o atentado tenha ocorrido em 1988, a justiça escocesa só foi efetivamente condenar Al-Megrahi em 2001, quando o ex-oficial de inteligência líbio foi sentenciado a prisão perpétua.
Sua condição de saúde terminal levou as autoridades da Escócia emitirem, em 2009, um perdão por compaixão, autorizando o retorno de Al-Megrahi a Líbia. O terrorista chegou ao país meses antes de uma guerra civil eclodir na Líbia, levando a deposição e posterior assassinato do ditador Muammar Gaddafi. O ex-presidente líbio era considerado um dos principais mentores do ataque, embora jamais tenha sido comprovada sua ligação com o caso.
Com a saúde debilitada Al-Megrahi morreu em Tripoli, em maio de 2012, aos 60 anos.