Durante a LAAD, que ocorre no Rio de Janeiro, a Sikorsky celebrou seus 100 anos e destacou o papel do helicóptero no Brasil
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 12/04/2023, às 17h00
A Sikorsky, um dos mais famosos fabricantes de helicópteros do mundo, completou 100 anos e celebrou a data durante a LAAD 2023, ao lado de parceiros da defesa e da indústria brasileira.
O Brasil foi um dos primeiros clientes internacionais da Sikorsky, quando em 1958, a Força Aérea Brasileira adquiriu quatro helicópteros H-19D Chickasaw para o 2º/10º Grupo de Aviação "Esquadrão Pelicano”, destinado as missões de busca e salvamento. Seis anos antes, em 29 de abril de 1952, um Boeing 377 Stratocruiser, da Pan Am, se acidentou na região amazônica e a FAB percebeu a necessidade de dispor de modernas aeronaves de salvamento e o helicóptero se mostrava uma ferramenta eficiente para este tipo de missão.
Não por um acaso, em 1972, quando em fevereiro de 1972 o Edifício Andraus, no centro de São Paulo, pegou fogo, o helicóptero foi fundamental para o resgate de diversas pessoas que haviam se refugiado no topo do prédio de 26 andares.
Na ocasião, Igor Sikorsky, fundador da Sikorsky Helicopter e o principal responsável pela viabilidade do uso de asas rotativas, escreveu uma carta elogiando o emprego do helicóptero no resgate. O socorro envolveu vinte helicópteros, que salvaram aproximadamente 400 pessoas em uma ponte aérea entre a cobertura do edifício e localidades próximas. Segundo Sikorsky, o helicóptero era um “excelente veículo para a maior variedade de missões de salvamento.”
Atualmente o Exército e a FAB operam os UH-60L/M Black Hawk em diversas missões, desde busca e salvamento a transporte logístico, incluindo em operações humanitárias como na operação de apoio aos Yanomamis. Além disso, a Marinha do Brasil utiliza os S-70B Seahawks, versão de patrulha e antissubmarino do Black Hawk.
“Nosso fundador, Igor Sikorsky, imaginou o helicóptero se tornando uma ferramenta poderosa para salvar vidas e realizar missões nas condições mais difíceis e complexas. As missões de nossos clientes – especialmente aqui no Brasil e em toda a América Latina – são uma prova dessa visão e nos motivam a continuar inovando e melhorando nossas aeronaves e como as construímos”, comentou Adam Schierholz, executivo regional da Sikorsky América Latina.
Durante a cerimônia de reconhecimento, Schierholz e Felipe Benvegnu, Diretor Global de
Aftermarket da Sikorsky, entregaram placas aos representantes do Exército, Força Aérea e Marinha do Brasil para homenagear as conquistas aéreas de cada serviço ao operar aeronaves Sikorsky, incluindo: O reconhecimento pelos 25 anos de operações Black Hawk pelo Exército Brasileiro; Já a Força Aérea Brasileira foi elogiada por alcançar 50.000 horas de voo com sua frota UH-60L; e a Marinha foi reconhecida por em breve atingir a marca de 10.000 horas de voo com sua frota S-70B Seahawk.
Embora a presença da Sikorsky nas forças armadas brasileiras ainda seja modesta, a empresa continua a expandindo seus negócios na América Latina, com mais de 300 helicópteros em serviço. No Brasil um dos destaques é o mercado civil, onde os helicópteros pesados S-92 e S-76 voam principalmente para atender à indústria de petróleo offshore, voando entre o continente e plataformas de extração em alto mar.
“Estamos comprometidos em apoiar todos os operadores do H-60 e S-70 e esperamos manter
parcerias duradouras no programa Hawk nos próximos anos”, acrescentou Dina Halvorsen, diretora do programa de sustentação do Black Hawk na Sikorsky.
Uma das principais instalações de operações de treinamento, manutenção e reparo de voo para dar suporte às aeronaves Black Hawk da América Latina fica localizada na Colômbia, um tradicional operador do modelo.
A Sikorsky é mundialmente reconhecida por seus helicópteros, especialmente por ter sido responsável pela viabilidade operacional e industrial do segmento de asas rotativas, quando o R-4 se tornou o primeiro helicóptero totalmente controlável a entrar em produção em 1942.
Contudo, a empresa que nasceu com o nome de Sikorsky Manufacturing Company, iniciou suas atividades produzindo aviões. O primeiro sucesso foi o aerobote S-38, que voou pela Pan American Airways, inclusive em voos para o Brasil, e também pela então Força Aérea do Exército dos EUA (USAAF, na sigla em inglês). A Panair do Brasil, subsidiária integral da Pan American também operou com o S-38 no Brasil.
Outro avião de sucesso foi o S-42, um quadrimotor com capacidade para 37 passageiros em voos diurnos e 14 camas em voos noturnos, que se notabilizou em voos de longa distância pela Pan American Airways. Seus quatro motores radiais Pratt & Whitney R-1690 Hornet, com 9 cilindros, geravam aproximadamenye 700 hp de potência cada, marca considerada significativa para 1934. O avião podia voar por até 1.900 quilômetros em voos norturnos, com velocidade média de 136 nós (253 km/h) a aproximadamente 5.000 pés. Um dos S-42 da Pan American foi batizadode Brazilian Clipper, voando em rotas para o Rio de Janeiro.
Uma versão menor do S-42, designado como S-43, equipado com dois motores Pratt & Whitney R-1690-52 Hornet e alcance de 1.200 quilômetros, foi usado pela Panair do Brasil
A Sikorsky também produziu alguns aviões terrestes, até nos anos 1940 passar a se dedicar exclusivamente ao mercado de asas rotativas, que sempre foi o objetivo de Igor Sikorsky.