Dados financeiros podem indicar que o fabricante desistiu de manter a produção do Jumbo após 2022
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 03/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 03h05
Versão mais recente do 747 obteve boa aceitação no mercado cargueiro e pouca atenção no transporte de passageiros
A Boeing pode estar próxima de encerrar a produção do veterano 747, o eterno Jumbo. De acordo com a agência Bloomberg, o fabricante demonstra nas suas demonstrações financeiras o fim do elegante quadrimotor em 2022.
A notícia vai na contramão da anunciada anteriormente, que a Boeing estaria avaliando a continuidade do programa, apenas com a versão cargueira. Porém, dados do Credit Suisse apontam que desde o início da pandemia 91% da frota global de 747 está no chão.
A maior parte dos modelos são da geração anterior, o 747-400, que foi lançado no final da década de 1980 e chegou a ser um dos aviões mais populares do mundo. Com o avanço dos bimotores, especialmente com o desenvolvimento do 777-300ER e mais recentemente do A350, o Jumbo se tornou pouco atraente na maioria das rotas. Mesmo podendo levar mais carga, a vantagem na capacidade de transporte de passageiros e alcance se tornou quase nula em relação a seus concorrentes.
O 747-8 Intercontinental, a versão modernizada e alongada do 747-400 obteve modestos contratos, com a Lufthansa sendo o maior operador com menos de vinte aviões em serviço. A versão cargueira, o 747-8F, obteve boa aceitação no mercado, mas a pandemia pode tornar mais atraente o uso de bimotores convertidos, como o caso do 777-300ER cargueiro. Mesmo com menos capacidade de carga paga, a quantidade de carga que um avião pode transportar, o volume interno é adequado para a imensa maioria dos fretes existentes.
A matéria da Bloomberg afirma que nas demonstrações financeiras de 2020, a Boeing não indicava qualquer plano para manter o programa após a entrega das últimas unidades cargueiras.
A retomada da aviação comercial deverá levar até cinco anos, para atingir os mesmos números de 2019, tempo longo demais para justificar uma última chance a eterna Rainha dos Ares.