O que está por trás de ataques cibernéticos na aviação?

Uma análise de uma empresa de cibersegurança aponta que estes ataques são muito comuns na aviação em todo o mundo

Por Marcel Cardoso Publicado em 31/01/2025, às 08h50

O aeroporto de Seattle (foto), nos EUA, teve 3 terabytes de dados roubados, em agosto - Port of Seattle

Em agosto, o aeroporto internacional de Seattle (SEA), nos Estados Unidos, foi alvo de um ataque de ransomware. Este tipo de software é utilizado para extorsão por meio do roubo de dados.

Os hackers exigiram 100 bitcoins (R$ 61,4 milhões) em troca de 3 terabytes de dados roubados do operador do terminal. Caso as exigências não fossem atendidas, ameaçaram divulgar dados pessoais de funcionários do aeroporto na dark web. Em consequência do ataque, o aeroporto teve que desligar vários sistemas de computador, prejudicando sua operação.

Isso afetou a emissão de bilhetes, os painéis de exibição e a retirada de bagagens, além de causar atrasos e cancelamentos de voos. Ao longo de 2024, sete outros incidentes cibernéticos em aeroportos foram registrados, todos com o objetivo de extorsão e vazamento de dados.

“A aviação é um setor muito visado, pois, além de movimentar milhões todos os anos e ser um dos centros da conectividade global, possui informações sensíveis de empresas e passageiros, o que chama a atenção do mercado ilegal e pode gerar sérios riscos às operações e à segurança de usuários”, disse Paulo Bonucci, Latam VP da empresa de cibersegurança Cipher.

Uma análise feita pela empresa apontou que ataques conhecidos como “APT” (Ameaça Persistente Avançada) são comuns na aviação. Esses grupos visam o roubo de dados confidenciais e de propriedade intelectual, tanto de companhias aéreas quanto de empresas terceirizadas.

De acordo com o estudo, as principais motivações dos ataques cibernéticos contra o setor de aviação incluem ganhos financeiros e controle de estratégias geopolíticas, visto que a aviação é um setor crítico para a economia global e para a segurança internacional.

Outro ataque frequente, também com uma finalidade política, é o “Hacktivismo”. Através de ataques DDoS (negação de serviço distribuído), hackers buscam inviabilizar serviços em sites de empresas e aeroportos. Esses ataques tendem a se intensificar em momentos de grande repercussão política, com o objetivo de danificar a reputação das empresas e paralisar as operações.

No Brasil, o cenário de crimes cibernéticos se torna cada vez mais complexo, com criminosos explorando falhas de segurança em diversos setores. O mercado brasileiro, considerado um "early adopter" de tecnologias digitais, tem ficado à frente de outras regiões em tentativas de exploração e fraudes digitais. 

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