Alta demanda por suprimentos médicos e hospitalares da pandemia gerou novo conceito de logística
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 20/10/2020, às 16h00 - Atualizado em 21/10/2020, às 09h37
Pandemia levou a KLM retomar operações regulares com os veteranos Boeing 747 Combi
A KLM realizou o centésimo voo utilizando a área de passageiros com cargas (cargo-in-cabin), que se tornou um padrão emergencial no transporte aéreo global. A marca ocorreu utilizando um dos três Boeing 747 Combi, recolocados em serviço durante a pandemia.
Os 747 Combi já utilizam parte do piso principal para o transporte de cargas, mas as equipes da empresa holandesa passaram a utilizar também a área de passageiros para acomodação de volumes. A companhia implantou esse conceito para transportar mais de 85 milhões de máscaras faciais na luta contra a Covid-19.
"A crise que afeta a nós e ao setor de aviação é incomparável e a KLM está enfrentando desafios enormes. Na minha opinião, o conceito Cargo-in-Cabin simboliza a resiliência, criatividade e flexibilidade dos nossos colaboradores, que trabalham dia após dia para manter o nosso modelo de negócio operacional”, disse Pieter Elbers, CEO da KLM.
O transporte de cargas sobre os bancos era inconcebível para as principais companhias áreas, visto a crescente demanda por voos de passageiros. Porém, com a paralisação quase completa da demanda por viagens e ao mesmo tempo uma busca massiva por suprimentos médicos e hospitalares produzidos na China, as empresas áreas adotaram o modelo de logística em todo o mundo. “Quando tivemos dezenas de aeronaves estacionadas por semanas a fio e, como resultado, menos capacidade, nossa divisão de Cargas fez de tudo para atender à crescente demanda por suprimentos médicos”, comentou Elbers.
De acordo com a KLM, o volume acondicionado na cabine de passageiros do 747 Combi é o equivalente a seis grandes paletes, cerca de 40% da capacidade total de carga da aeronave. A empresa tem realizado em média sete voos semanais para a China utilizando o conceito de cargo-in-cabin. Mais de 90% da carga transportada entre Xangai e Amsterdã consiste em máscaras faciais. Além disso, outros suprimentos médicos, incluindo luvas cirúrgicas e aventais, são levados de volta.
No total, a KLM transportou até agora mais de 80 mil caixas e mais de 85 milhões de máscaras faciais. Além de sua contribuição humanitária, aproveitar o conceito Cargo-in-Cabin durante um período de crise tem sido a maneira perfeita de gerar renda extra.