Especialistas afirmam que criminosos buscavam dados sensíveis de produção e certificação
Edmundo Ubiratan | Imagem: Divulgação Publicado em 30/09/2019, às 13h00 - Atualizado às 15h26
A Airbus pode ter sido alvo de criminosos cibernéticos que tinham a finalidade de roubar segredos tecnológicos. A origem dos ataques possivelmente foi a China, que tem ampliado suas atividades de inteligência cibernética com objetivo de ampliar seu acesso a tecnologias sensíveis de potências europeias.
De acordo com a Agence France Press (AFP), a Airbus sofreu ao menos quatro grandes ataques nos últimos 12 meses. O maior ocorreu em janeiro de 2019, quando o fabricante europeu enfrentou uma grande tentativa de violação de seus sistemas de segurança. No mesmo período a Rolls-Royce também foi alvo de ataques, possivelmente com foco nas áreas de desenvolvimento de motores para aviões comerciais da Airbus.
Outro detalhe divulgado é que os hackers tentaram invadir a rede de comunicação privada entre a Airbus e a empresa de consultoria em tecnologia aeroespacial Expleo. O alvo eram os documentos técnicos sobre os processos de certificação de aviões comerciais.
Atualmente a china trabalha em dois grandes programas de aviação comercial, o C919 e o C929, ambos da estatal chinesa Comac. O primeiro avião é voltado para o mercado de média capacidade, concorrendo com os Airbus A320neo e Boeing 737 MAX, enquanto o segundo deverá ingressar no mercado dos Airbus A330neo e Boeing 787 Dreamliner. Os maiores entraves para a indústria aeronáutica chinesa são os processos de certificação e a fabricação de motores com tecnologia própria.
A Airbus possui uma ampla relação comercial com a China, incluindo uma linha de montagem final da família A320 instalada em Tianjin.
Segundo os Estados Unidos a China tem apoiado grupos hackers especializados em roubos de informações de alta tecnologia e dados sensíveis civis e militares. Na década passada um maciço ataque aos servidores da Lockheed Martin tinha como o alvo documentos altamente secretos do F-35 Lightning II. Outros ataques ocorreram na CFM International, relacionado a detalhes dos motores LEAP.