Autoridades britânicas trabalham para resgatar clientes da empresa aérea ao redor do mundo
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 23/09/2019, às 15h00 - Atualizado às 15h31
Com a suspenção de todos os voos da Thomas Cook, que está à beira da falência, as autoridades do Reino Unido trabalham no que poderá ser a mais complexa missão aérea do país desde a 2ª Guerra Mundial.
Segundo estimativas, mais de 600.000 turistas estão retidos nos seus destinos pela paralização dos voos da companhia inglesa. De acordo com a Embaixada do Reino Unido, os países com maior número de passageiros afetados são Grécia, Turquia, Tunísia e Espanha.
A operação deverá repatriar mais de 150.000 turistas britânicos que estão em viagens ao redor do mundo e cuja a volta seria realizada em voos da Thomas Cook. O esforço envolverá criar uma malha com 1.043 voos em duas semanas, partindo de 55 destinos em diversos países. Apenas na segunda-feira (23) as autoridades estimam que serão transportados 15.000 passageiros.
O esforço está sendo coordenado pela Civil Aviation Authority (CAA), do Reino Unido, que trabalha para não apenas levar de voltar britânicos para casa, mas também evitar um complexo caos nos aeroportos. Segundo as autoridades, em destinos populares como Maiorca e Ilhas Gregas, centenas de passageiros foram surpreendidos com a suspensão dos voos. Segundo o Ministério da Indústria da Espanha, apenas em destinos populares espanhóis existem aproximadamente 114.000 passageiros da Thomas Cook, que tinham voos marcados para os próximos 15 dias. Já na Grécia estima-se mais de 50.000 turistas que dependiam da companhia aérea. A Alemanha acredita que outros 140.000 turistas do país tenham voado com a Thomas Cook enquanto outros 21.000 deveriam voar entre segunda-feira (23) e terça-feira (24).
A CAA instruiu os passageiros com voos cancelados para tentarem planejar uma extensão das férias até o dia 6 de outubro, prazo considerado limite para que seja possível realocar todos os viajantes nos voos emergenciais.
Todavia, as autoridades alertam para a dificuldade do trabalho, visto que além da Thomas Cook possuir uma complexa malha internacional, voando para diversos destinos na Europa, Caribe, Brasil e Ásia, em horários e datas alternadas, com a alta na demanda global por viagens aéreas, existem poucos aviões disponíveis para fretamento de última hora. O esforço envolve conseguir aviões de empresas ao redor do mundo que possam assumir imediatamente os voos cancelados da Thomas Cook. Um dos entraves adicionais é referente a paralização dos Boeing 737 MAX, que exigiram as companhias aéreas utilizar aviões que antes seriam considerados sobressalentes e estariam disponíveis para fretamentos ocasionais. Entre as opções em estudo é alugar alguns dos Airbus A380 da Malaysia Airlines que estão disponíveis. Porém, o gigante possui restrição de operação em diversos aeroportos operados pela Thomas Cook, limitando assim seu uso em apenas algumas rotas.
Segundo o jornal Financial Times, a CAA estaria também comprando lugares vagos nos voos que partem de destinos operados pela Thomas Cook, que deve aliviar a demanda de voos fretados. O entrave, de acordo com o jornal, é o elevado valor cobrado das passagens, o que deve aumentar consideravelmente os custos de repatriação.
A empresa britânica também era um dos maiores operadores mundiais de turismo, oferecendo pacotes completos em todo o mundo. Os clientes da Thomas Cook que tinham voos de retorno com outras empresas aéreas não devem ser afetados pela suspensão dos voos, mas as autoridades britânicas alertam que hospedagem e transporte terrestre devem sofrer mudanças, visto que o pagamento pode ter sido suspenso.
As autoridades também alertam para os passageiros que deveriam partir de aeroportos ingleses para destinos operados pela Thomas Cook para cancelarem sua viagem e não se dirigirem a nenhum aeroporto britânico. O programa de repatriamento da CAA não contemplará nenhum voo partindo do Reino Unido. “Lamentamos informar que todas as futuras férias e voos reservados com Thomas Cook serão cancelados a partir de 23 de setembro de 2019”, afirma a CAA em nota.